quarta-feira, dezembro 20, 2006

Toque

[Toque]

Nunca é muito tempo e é uma palavra muito forte. Mas, embora eu seja irremediavelmente apaixonado, certamente um relacionamento virtual não duraria muito tempo comigo. Não, é menos pela distância em si, posto que os corpos podem estar a quilômetros de distancia, mas as almas, os corações, podem estar a milímetros. (ok, há controvérsias, mas isso é outra conversa, mesmo pq não escrevo para convencer... Ta, há controvérsias, mas posso continuar a escrever, posso?). Também é menos pela inevitável máscara que usamos no mundo virtual, mesmo que involuntariamente. É, sobretudo, pela falta do toque. Não, não to falando do toque subjetivo, o na alma, que é lindo, sublime, extraordinário, etc e tal. To falando do físico mesmo, o pele na pele, o cafuné, o carnal...

O toque é uma arte, e antes que vc diga que acabei de falar um chavão horroroso, eu peço as próximas linhas para explicar. O toque a qual me refiro não é apenas o pegar na mão, no cabelo, na bochecha. Isso qualquer um faz: seu pai, sua tia, seus avós (os seus avós nunca fizeram isso? Penas, os meus sim...). O toque é a arte de passar uma mensagem com um movimento. Sutil, leve, sem necessidade de explicação. É aquela mão na sua que sussurrou na sua alma vem comigo, juntos somos imbatíveis e fez com que vc se tornasse capaz e segura para fazer qualquer coisa. Aquela cabeça no seu colo, naquele final de tarde chuvoso, vendo qualquer coisa na tv. Afinal, ninguém ta vendo nada mesmo. É aquele emaranhar nos seus cabelos pela sua amiga, que vale mais de cem “to aqui, conte comigo para tudo...”. O beijo não deixa de ser um toque. Mais. O primeiro na hierarquia. Há dois tipos de pessoas: aquelas que não vivem sem um beijo, e aquelas que mentem. Naqueles micros segundos (ou não...) é o sopro de vida que te invade sem pedir , um lembrete em néon de que vc está viva. Já o abraço é o meu predileto pq há entrega, renuncia do outro. Naquele instante, você é do outro, e o outro é seu.

Um relacionamento, seja qual for, tem que ter este elementos. Não esses expressos necessariamente, nem numa ordem. Mas vc já viu dois amigos que nunca se abraçaram, que não se tocam, como se existisse uma parede dividindo-os? Nem eu. Um casal de namorados, que mesmo que não sejam dois chicletes, não trocam carícias? Uma relação entre pais e filhos onde um evita o outro? Este eu tb já vi: para um lado, o medo do mico, para o outro lado, o medo de não constranger, e assim, pais e filhos se tornam, cada vez mais, dois estranhos que dividem um mesmo teto.

Poderia fazer um tratado do toque aqui, mas longe desta vã pretensão, só desejo lembrar que um mísero contato, um mísero cafuné, pode trazer a tona um turbilhão de emoções, sensações, podem nos levar a lugares longínquos, te tirar do chão, te fazer voar, transcender o tempo, o espaço, a distancia. E nos levar a fazer digressões, devaneios, dos mais bobos, dos mais infantis...


...Como este.

sábado, novembro 11, 2006

Gosto é gosto...

Que me desculpem as contidas, mas eu prefiro as molecas.

Sim, mulheres que por trás dos seus olhos escondem aquele jeito sapeca de ser, no sentido mais pueril que possa existir. Amo o brilho que irradia quando as faço soltar sua risada mais gostosa, da liberdade de seus atos, da vontade insaciável de viver, e, sobretudo, a intensidade de seus espíritos. Não obstante mais fácil, prefiro o contraditório: eu quero aprender, discutir, convencer, comprar briga.

Mas, voltemos: deve existir algum dispositivo que, uma vez acionado, faz com que elas retornem aos seus 9, 10 anos. Nas moças as vezes que menos imaginamos. Sabe aquela menina culta, "inteligente", que fala com aquele ar blasé? São as melhores quando se entregam e se tornam... meninas.
Amo seus gestos impulsivos, seu vocabulário engraçado, as brincadeiras idiotas, suas atitudes bobas, e, por incrível que pareça , amo até mesmo a capacidade que elas têm de me deixar desconcertado e embaraçado nos lugares mais impróprios.
Amo sua roupa largada numa tarde chuvosa, as guerras de travesseiro ou de pipoca no meio do filme. As vezes mesmo escolher o pior filme para fazer piadas. Até mesmo escolher o melhor e esquecer para... é, enfim... Amo seu jeito dengoso, de gata pidona, seja estando doente, seja acabando de acordar (poderia passar horas a olhando descabelada, babando enquanto dorme), ou em qualquer outro momento.

Sim, amo, embora não demonstre, as disputas de atletismo na areia da praia, os beijos repentinos e calorosos no meio da rua, e os banhos de chuva propositais. O verdadeiro ligar o foda-se para o resto das pessoas ao redor.  Amo as caretas, as implicâncias e as gozações. Amo as provocações intelectuais, os papos-cabeças acompanhado de um alto teor etílico. Ou mesmo de Farinha Láctea no fim da noite. Amo como sorrateramente ela vai se ocupando do sofá, deitando no meu colo e quando vejo, já está dormindo.

E como nada é perfeito (ainda bem) amo as discussões, os bate bocas, o projetar raiva no outro, não por mim, mas pelo stress dessa vida adulta e chata. E tudo terminar com um abraço seguido de um choro.

E, quiçá, amarei alguém tão impulsiva quanto eu que topará as aventuras de sair viajando por aí, mesmo que passe o resto do ano no vermelho.

Enfim, amo pq dessa forma sinto-me livre para amar do jeito que sou.Próximo, não me sinto pisando em ovos ou andando na rua minada do amor “maduro”. É justamente essa profundidade em amar que mais me fascina nessas molecas: um amor com palavras, mas com gestos que dão significação e concretude a essas abstrações. Um amor infantil, tal como todos deveriam ser: sem interesses, sem julgamentos, sem traumas, sem vícios. Simplesmente ama.

Amo, mas nunca conheci alguém tão louco quanto eu a ler isso acima e dizer "eu sou essa"
Afinal, quem não tem uma criança dentro de si? Quem não é uma criança travestida de adulto? 

sexta-feira, outubro 20, 2006

Faltando um pedaço...


Para quem não me conhece, que fique sabendo da minha característica mais evidente: falo pra caramba. Minto. Não é pra caramba, é pra carambaaaaaaaaaa. Sou daqueles que viram a noite no msn com amigo, que discute sobre futebol com o porteiro, sobre política com o jornaleiro, culinária com o vizinho no elevador, que tem que ser lembrado pelos alunos que vc já ultrapassou 20 minutos da aula, e em vez de responder “Ok, gente , vamos embora!”, diz “Gente me dá mais 10 minutos”...

Então, seja normal que eu mesmo, mais do que qualquer um, estranhe essa sombria quietude, essa minha falta de vontade de falar, essa melancolia no meu olhar.

Nessas horas peço perdão aos meus amigos, mas me torno um chato. Nada está suficientemente bom, há um vazio que, aos berros, diz que tá faltando alguma coisa, algum pedaço. Tédio: pior do que a vontade fazer alguma coisa é a vontade de não fazer aquilo que vc precisa fazer. Em questão de segundos, parece que seus 21 Gb de música não tem nada que interesse. Acho que a jam session do silêncio da madrugada com o som de teclar farão a trilha. Hiato no word: as incontáveis idéias na cabeça confabularam e resolveram de lá não sair.

Olho para o lado e vejo um sofá vazio, uma sala escura e em silêncio. Os poucos amigos estão em duas categorias: ou estão dentro da caixinha do msn, acreditando que está tudo bem comigo (talvez uma vergonha de parecer um Jeremias e usar o msn como um muro de lamentações), ou estão longe, fisica ou emocionalmente, tão preocupados com seus problemas que esquecem que um “oi, to cheio de coisa para fazer e pra pensar, mas não esqueci de vc, tá?” num scrap, telefone, carta, telegrama, código morse, pode me fazer ganhar o dia... Esquece isso, Nelton! Vc tb age assim de vez em quando...Enfim, olho para meus irmãos de fé e percebo que eles me vêem como o mais herege de todos. O erro não é pensar diferente deles, ter uma outra idéia sobre nossa relação com Deus, tentar não emocionalizar a fé ou mesmo ter um gosto diverso da cultura cristã: o erro é você expor isso. Não com o proselitismo que é peculiar deles, mas com intenção de aceitar a opinião contrária. Mas, mesmo assim, acho melhor estar recluso aqui a ser apedrejado.

Resolvo ir a janela, vejo corpos em direções diversas:dentro de carros, em ônibus, a pé, sozinhos, abraçados, alguns estão se beijando em alguma esquina.Tento advinhar o q uma pessoa dentro desse avião, que passa em cima de mim agora, está pensando. Cada um com seus objetivos, seus medos, seus pensamentos... Subitamente me sinto sozinho. Desprotegido seria a palavra ideal. Todos na casa dos 20, com algum juízo, já se perguntou o que fez até agora, o que contribuiu, que marca deixou nesse mundo tão efêmero.E a resposta não é a das melhores. Mas,e minha fé nunca foi abalada, e clamo para que alguma coisa aconteça, que esse silêncio enlouquecedor se dissipe. Que a carência que sinto do toque do outro seja suprida de alguma outra forma.Meu desejo é desejo do Outro. Sinto falta da pele de seda, da minha mão no cabelo dela, descendo pela nuca, de seu cheiro,da sua voz doce e apaixonante no ouvido, do seu sorriso contagiante,e do seu beijo, daqueles que ainda está para se criar o adjetivo ideal para qualificá-lo...Não, ninguém em especial, pelo contrário, luto em vão para não me apaixonar pela imagem abstrata que criei de mulher ideal. O apaixonar é combustível para mim, e na falta do grande amor, que só encontrei uma vez (e perdi), me reapaixono por esse holograma. Assim, me apaixono por todas as mulheres, todas me fascinam, cada uma de uma forma. É a busca pela musa, tão citada por mim, aquela que me distrairá dos meus dilemas. E essa busca termina, provisoriamente, quando vejo apenas meus 2 pés na areia. Ali, parado,forçando para enxergar outro par ao meu lado, entendo o que é estar desprotegido, vulnerável. Não fomos feitos para sermos lobos, solitários, nômades. Não mesmo...

...

Hesito em continuar.Não quero que as pessoas me entendam pela forma mais fácil:sentindo pena. Isso aqui não é um atestado de infelicidade, apenas uma descrição breve para alguém, que só conheço o seu vulto, em algum tempo imprevisível, perceba o quão necessária é para mim. Isso mesmo, da forma mais sombria e negativa, isso é uma declaração de amor. Talvez seja para essa minha abstração, esse alguém que um dia hei de conhecer. Ou não. Muitas pessoas lerão essas palavras, talvez alguns amores, talvez elas achem, com razão, que isso seja para ela. Mas, quando for a pessoa certa e a hora certa, faço questão de mostrar. Se bem que nessa sociedade, de sobrenome efêmero, tenho minhas dúvidas...

E amanhã será um outro dia. Encontrarei pessoas, amigos, amores,e parecerei menos desprotegido. Irei conversar, rir, amar, beijar, andar na praia, tomar chuva deliberadamente, debater, falar (e muito...). Mas, mesmo assim,quando cair a noite, vou sentir a falta desse pedaço que não encontrei,sentirei a agonia da incompletude. Mas isso tem fim: do outro lado do labirinto tem alguém procurando por alguém que pode ser eu. Eu sei disso. Não sei se dá para sair do labirinto e encontrá-la ao mesmo tempo?

Enquanto isso, vou sorrindo, ou seja, como diz o poeta, mentindo a minha dor,para que ao notar que quando estou sorrindo, todo mundo irá supor que sou feliz.

Musica do Post – Sorri (Smile), Charles Chaplin (cantada em português pelo Djavan)

quarta-feira, setembro 27, 2006

Lar, novo lar!

Há várias razões para mudar de lar. E nem sempre é porque o antigo lar seja ruim, mas pq você encontrou um lugar melhor. E é este o caso de minha mudança: sou eternamente grato ao blogspot nesses 2 anos de blog,um lugar que nunca me deu problema algum. Contudo, estamos na época da convergência e me vi tentado a ter em um endereço só um lugar para postar meus devaneios, minhas fotos e, ao mesmo tempo, algumas (só uns 5 gigas, coisa pouca) músicas. Penso que será uma experiência bem interessante, por isso, resolvi me mudar: www.nelton.multiply.com .

Então, é com pesar que deixo tão aconchegante lar e parto para o duvidoso. A ousadia é uma estrada interessante para se percorrer!

terça-feira, setembro 05, 2006

Um doce passado...

22 horas. Era para ser mais um programa de futilidades, que prende atenção por alguns minutos, me ninando para mais uma noite de sono. Mas, diferentememte do que tinha planejado, fui tragado pela tela e transportado para alguma segunda entre 1998 e 2001. A melodia vocalizada de Paula Cole me conduzia prazerosamente aos velhos amigos das segundas às dez da noite. Eu, um rapaz entre 15 e 18 anos, via meus anseios, desejos, medos, frustrações, minha realidade refletida naquele grupo de jovens de Dawson’s Creek.

23 horas. Click! Num piscar de olhos, estava de volta, aos 22 anos, mudado em alguns pontos, conservado em outros tantos, dizendo “já passou?”. E percebi que oitos anos podem passar tão rápido quanto sessenta minutos. Não, não é pra eu começar a bravejar aos quatro cantos que “to ficando velho!”, contudo, é estranho você ver que o tempo está escorrendo pelas suas mãos. Lembro-me como se fossem a cinco minutos atrás da dor de cabeça que tive a exatos quinze dias.Olho para meu blog, agora com dois anos de vida, e lembro do dia que resolvi criar um. Lembro (com um sorriso no canto da boca de alguém que sempre gostou de estar apaixonado) de todas as especificidades do dia que sua paixão platônica me chamou de anjo por eu ter emprestado o walkman para ela em...1997!(mais exatamente no dia 27 de dezembro de 1997, por volta das 17h, dentro de um ônibus de viagem). Vejo meu pai se casando pela segunda vez por esses dias, e fico me perguntando se não foi na quinta-feira passada que ele se separou da minha mãe. Não, não foi, isso aconteceu a cincos atrás. Que sensação estranha é essa? Onde eu estou? Cadê meu chão chamado presente?

Conforme o programa ia mapeando a trajetória de Dawson’s Creek, percebia que ele tinha invadido minha privacidade e mapeando a minha adolescência. Percebi como achava o Dawson molenga, sobretudo quando ele não conseguia se resolver com a Joey, enquanto eu mesmo nem beijar tinha beijado, mas dizia que não seria assim, e hoje sou, talvez, o próprio. A tv mostrava como a Joey era a minha mulher ideal. E ainda continua sendo meu biotipo de mulher perfeita: um óculos ali, um cabelo ruivo aqui de diferente, mas em essência, eu ainda continuo em busca de minha Josephine Poter. Foi a época que comecei a trazer minhas paixões platônicas para a vida real, põe platônicas nisso. O Pacey era o ideal de jovem que gostaria ser: extrovertido, falastrão, e com um barco para passar um verão inteiro sozinho com a Joey, como fizeram no final da 3ª temporada. Jen me fez querer ter alguém cuja amizade transcenda qualquer segunda intenção. E, felizmente, percebi que isso é possível. Kiss me embalava meu radinho e foi um choque perceber, mesmo que sem querer, que eu agora posso tocar a música quando quiser no meu violão. O que antes era algo inacessível, agora está em meus dedos e eu posso desconstruir, reconstruir, colocando um novo tom, um novo acorde. Alguns namoros passaram, todos com muita intensidade, e embora tenha, em certos momentos, achado que tinha encontrado, continuo em busca de minha Joey.

O primeiro beijo,um tanto quanto roubado por...ela(!) , o primeiro beijo ‘oficial’- aquele que todo mundo pensa que foi o primeiro, o primeiro amor, o primeiro fora, a primeira fossa, a primeira desilusão, a primeira vez...Caramba, tudo isso passou e nem percebi. Não tenho as dúvidas de outrora, não quero mais ser programador, nem sou mais o goleiro federado que todos os sábados viajava em busca de mais um vitória nas quadras. Minha máquina de escrever era minha confidente numa época que o computador era um sonho pouco irrealizável. Em vez de emails, scraps, msn, skype, eu tinha cartas. O cuidado de escrever, o zelo e o carinho em ir aos correios para enviá-la, a ansiedade da resposta, tudo isso ainda possui um perfume que, quando fecho os olhos, consigo sentir. Os acordes de um novo dia, que sempre trazia uma nova descoberta, formavam quem sou hoje. E meu quarto, num instante, se encheu desse som e daquele aroma, sendo irresistível eu não me levar a uma época onde tudo era mais inconseqüente, mais tranqüilo, mais inocente.

Não, a minha vida não anda tão chata a ponto de eu ter esse ataque de nostalgia, pelo contrário. Mas quero ser justo e dar honra a uma fase tão transformadora, mas tão desvalorizada por aqueles que não querem se lembrar que já foram aborrencentes.São épocas distintas, e eu sei que daqui a oito anos vou me fazer a mesma pergunta, “mas já?”. Afinal, se somos ‘convidados’ a caminhar pela inexorável maratona do tempo, o que nos resta além de viver intensamente, como se fosse o último capítulo da temporada?


Musica do Post - I Don't Want To Wait (Paula Cole)

quarta-feira, julho 19, 2006

Humano, Demasiadamente Humano

Você certamente vai esquecer de tudo que lerá aqui. Não é pessimismo e/ou sofisma para prestar mais atenção: simplesmente você vai ler essas palavras, concordará com algumas, outras nem tanto, vai parar para pensar um pouco –espero-, e como ta na internet mesmo, vai a outros links, se afogará na corrente contínua de informações que a rede virtual oferece: e-mails, msn, orkut etc. Pronto, quando for se dar por conta, já esqueceu o que eu vou terminar de escrever. Não se culpe: fazemos isso o tempo todo: seja com filmes, conversas, livros, ou coisa que valha, sempre deixamos essas coisas escaparem pelos nossos dedos. Supérfluos, superficiais, fugazes estão as coisas, afinal o mundo ta cada vez mais rápido, e devemos acompanha-lo, não é? Exames de consciência são cada vez mais raros...

E é sabendo dessa nossa amnésia coletiva que vou querer falar de algo diferente, cotidiano, menos intelectualizado. Vou propor que nessa globalização, onde tudo se torna igual, banal e sem graça com a rapidez da luz, reivindiquemos nosso direito a humanidade. Sim, a nossa carnalidade , rejeitando que sejamos apenas peças mecanizadas da engrenagem da vida. Não, nós não somos máquinas se prestarmos atenção a pequenas frivolidades do cotidiano, que são tão comuns que são esquecidas...

Como o direito de errar. Mais. Errar e ser forte o suficiente para assumir o erro e que ele colaborou para o seu crescimento. Afinal, ninguém cresce só acertando...

A cada dia mais, ser forte e só ter virtude é a condição para o sucesso de alguém. Reivindico o direito de sermos sensatos e saibamos reconhecer nossas fraquezas também, sem omitir uma vírgula, sem esconder hipocritamente pequenos defeitos que não queremos assumir que temos. E para isso sempre dizer a verdade...

Quero não ter a resposta de tudo que acontece e ser feliz por isso.

A frivolidade de ser sincero,a tão esquecida. Não apenas para o outro, para a sociedade, mas dizer a verdade para consigo mesmo, até as mais subliminares, sem restrições de pudor, moral, ideologia, sem fantasiar subterfúgios. Ao mesmo tempo, possuir o bom senso para entender que nem todos estão preparados para a escutar a verdade. Aliás, quem está?Não sei...

Quero possamos nos dar o direito a sermos contraditórios, oxímoros, inconstantes. Penso, logo mudo de idéia, e não há vergonha para isso. Não há vergonha por não ser inteiramente lógico, por sorrir e chorar sem motivo. Não somos máquinas programas, pré-ordenadas: no dia que escrevi aqui (com 39° de febre e com uma dor de cabeça que mais parece um parto intelectual) uma avalanche de emoções me ocorreram: já estive melancólico, elétrico, reflexivo, radiante, quieto, já dei gargalhada e até chorei em uma peça de teatro.. Pior que não sou louco, só não tenho medo de ser o que sou, de ser o que sinto.

Falando em emoções, não sejamos superficiais nas nossas relações, que façamos tudo com tal intensidade, sem a preocupação idiota e besta “do que os outros vão pensar”: ria como se fosse a piada mais engraçada do mundo, chore como se perdesse o seu grande amor, ame como se morresse amanhã, beije como se encontrasse o seu amado perdido de décadas, mesmo que isso ocorra no meio da rua... Ah! Reconheçamos que é egoísta, que é competitivo, que sente inveja, que sente ciúmes, de que você não é só solidário, do tipo que “que pensa mais nos outros que em você”, e, quem sabe, você não começa a ser menos egoísta, ciumento, invejoso, competitivo, “lobo do homem”?

Que bonito e mais romântico seria se não ficássemos com melindres para expressos nossos sentimentos aos outros. Tal como o filme “Como se fosse a primeira vez”, se declare para seu companheiro como se fosse a 1ª vez, sinta borboletas no estômago ao vê-lo, ao senti-lo, se pegue com as pernas tremendo como varas feitas de bambu. Mas , sobretudo, de algo maior do que a paixão: a amizade. Por isto, que nos declaremos aos seus amigos, mostre como são queridos, reconheça a importância deles na sua vida. Não tenha a ilusão de que tem muitos amigos: temos colegas. Amigos, aquele para se guardar no lado esquerdo do peito, esses se contam nos dedos. Então, ame seus poucos amigos na mesma intensidade que você ama a si próprio, mesmo porque, grande parte das vezes, ele é mais íntimo que um parente de sangue.

Portanto, diga eu te amo sem reservas, no entretanto, eu te amo n/ao é bom dia, não banalize algo tão profundo e complexo. Depois de um exame de consciência, vc perceber que ainda não ama ninguém, não se preocupe: guarde a pérola, faça o polimento periodicamente, e dê a quem merece, no momento devido.

Quero o direito de ser precipitado, impulsivo, sanguíneo. De meter os pés pelas mãos, de falar bobagem, de pagar mico. É divertido, é humano...

Aprenda uma palavra nova por dia, descubra que isso não é coisa de intelectualzinho barato, e sim que, a cada palavra nova, mais uma forma de compreender o mundo se abre a sua frente.

Descubra que se é muito bom andar e ser amigo de pessoas mais velhas, intelectuais, que transbordam conhecimento, é muito bom, em contrapartida, e tão proveitoso quanto conhecer, andar e ser amigo de pessoas mais novas. Talvez chegue a conclusão que amadurecimento e conhecimento não são iguais e que não são inerentes a esse paralelismo cronológico que convencionamos.

Saia um pouco da net, da tv. Longe de ser conselho materno , mas perceba o mundo que te cerca: descubra as delícias de um entardecer, de ler um livro num dia chuvoso. De tomar chocolate quente, ou mesmo comer doce de leite contemplando o céu estrelado. Releia livros periodicamente, escreva um diário, um blog, conte as suas impressões sobre o mundo: depois compare, é a melhor forma de ver como vc mudou. Mande cartas: em vez do teclado, pegue uma folha, uma caneta, doses de sentimentos e escreva. E peça para ser respondido de semelhante modo. A ansiedade da resposta, o clima do abrir a carta, a leitura de cada palavra no conforto de algum lugar já se perderam há muito tempo. Infelizmente...Conheça um lugar novo. Pensamos que para isso é necessário alguns dólares e um passaporte, quando podemos ter isso do nosso lado. Vá a museus, lugares históricos dentro da sua cidade. Como já disse, experimenta ver o crepúsculo na Lagoa, ou no Arpoador, ou mesmo da Praia Vermelha. São experiências únicas que ficam vívidas em sua memória por toda uma vida.

Não fuja da realidade: saiba que você é o responsável pelo que faz: não culpe os outros, seja Deus, amigos, pais, qualquer um pelos seus insucessos.

Arrogância não é reconhecer que é bom em alguma coisa. De mesmo modo, humildade não é sempre se colocar abaixo dos outros.

Uma das coisas mais humanas que existe é você tomar um belo banho de chuva. Chega ensopado em casa, mas chega com a alma lavada.

Não deixe flocos de neves se transformarem em avalanche: brigue, discuta, reclame, não espere por uma melhor hora. Nunca deixe para mais tarde, nunca acumule o que pode ser letal.

Já disse escrever? Já, mas insisto: escreva. Não estou aqui escrevendo só para passar uma mensagem, ou para atualizar meu blog, mas deixar uma marca de como sou eu hoje. Mais tarde, comparando com outros textos, verei a diferença. Quem ler todo meu blog, ou seja, só eu, sabe como eu mudei.

Ame a sua liberdade, ame a sua livre iniciativa, ame-se. Não coloque nos outros um sentimento que você sente, na verdade, por você mesmo. Namore consigo, agrade, presenteie, e para os exagerados, mande flores para pessoa mais importante da sua vida: você. Mas seja auto crítico, em doses homeopáticas, é claro: crie momento a sós,para conversar com você mesmo, pensar no futuro, ver e rever suas escolhas. Cuide de você, cuide de seu corpo, mas antes, cuide de sua alma.

Há algo de errado em falar sozinho consigo mesmo na rua? Espero que não...

Nada de errado existe em ser seu melhor amigo, apenas não se iluda achando que és independente dos outros, uma verdadeira ilha. Não, você não é, e por mais que o seu orgulho comece a se contorcer, você precisa dos seus amigos de uma maneira que nem mesmo você sabe. Ao reconhecer que precisa de ajuda, não se feche a quem te ama: confie nos seus amigos.

Não se torne mais uma salsicha no pacote: discorde de seus amigos quando tiver que discordar, diga q não compartilha do mesmo ponto de vista, retruque, digladiem-se, e no final peçam um refrigerante para brindar. Isso mesmo, tolere, compreenda que debater não significa convencer o outro.

Abrace. Dê um abraço de urso nos seus amigos, nos seus pais, em que você ama. Ele é um ótimo indicador, e é mais revelador e confortante do que milhões de palavras. Aliás, quando não tiver nada a dizer para ajudar, não diga nada. Pessoas querem, algumas vezes, apenas falar, não ouvir um sermão de quão erradas elas estão. Ou abrace, que é o melhor remédio.

Chore, limpe a alma, tenha a sensibilidade para reconhecer que está tão a flor da pele. Chorar faz bem, e não tem hora: filme, novela mexicana, declarações, pedidos de desculpas, casamento, velório e por aí vai. Não, não é sentimentalóide. Minto. É sim, ser sentimentalóide, mas quem disse q isso é ruim? Quem quer me convencer de que ter sentimentos exacerbados é ruim e danoso a minha humanidade? Que ser romântico ao extremo, que sonhar com o grande amor, que sonhar ilusões me faz menor do que qualquer ser vivente? Não, eu exijo meu direito de ser sentimentalóide, não pq eu sou exagerado, mas sim pq os outros estão cada dia mais frios...

Já tentou criar uma memória musical? É divertidíssimo. Crie uma trilha sonora para a sua vida: que cada música te leve a um túnel do tempo, de emoções, que você possa fechar os olhos e se imaginar em algum lugar ou algum momento da sua vida que não quer esquecer.

Quem nunca teve um amor platônica, encomende um imediatamente. Mas cuidado: apesar de mui enriquecedor, possui, como todo remédio muito pesado, fortes efeitos colaterais. Ter uma musa inspiradora, se apaixonar sem saber o outro lado, gostar tanto de alguém que até prefere se esconder, como diz a canção, é, no mínimo, muito interessante. E ao contrário do que pensei, não é algo só de adolescentes: adultos também são vítimas desse bem.

Amor a primeira vista existe sim: quem diz o contrário é intriga da oposição.

Mude, mude sempre. Seja no visual, seja no pensamento, seja no gosto etc. E quando quiser ser mais radical, volte ao que era.

Trabalhe, trabalhe, trabalhe. Estude, estude, estude. De preferência muito e intensamente, mas entenda que pausas são partes essenciais para qualquer boa sinfonia. Sobretudo a nossa sinfonia diária.

Mas, de tudo que eu sugeri (e poderiam dar mais outras mil páginas), não faça nada disso como obrigação. Não leve as coisas tão a sério, nem essa busca pela sua humanidade.

Por fim, mesmo sabendo que você já deve ter esquecido de muita coisa que já disse aqui, preciso fazer uma consideração a mais: não sou mestre, profeta, guru da boa vida, da vida não mecanizada, da vida não rotinizada. Pelo contrário, sou apenas um homem que deseja profundamente olhar mais tarde para a minha vida e dizer que fui um humano, que

Tornei minha vida um eterno caça-níquel.

Mais do que ter histórias para contar para minhas filhas (escutaram, FILHAS!), netos, bisnetos, quero ter história para contar para mim mesmo.

Afinal, fecham-se as cortinas do teatro, o espetáculo termina, cerram-se as janelas e as portas, e fazendo isso ou não, a vida continua.

Música de fundo - "Epitáfio" - Titãs

domingo, junho 18, 2006

Subversão


Recebi esse recado pelo orkut não faz muito tempo:
"Nelton, desculpe ter fuxicado seu orkut, mas me amarro na sua criatividade e humor!!! Vc acredita que quando fico aborrecida, dou uma espiada nas suas fotos e acho tão bem humoradas que a trsiteza momentanea vai embora... Viu, vc é um gênio !"


Sinceramente, eu ganhei o ano. Não apenas porque encheu meu ego -não serei hipócrita a ponto de dizer que isso não aconteceu - mas, porque foi feito por alguém que não tenho tanto contato, de forma espontânea e natural, características tão raras num mundo tão artificial como o nosso. O mais engraçado dessa história é que justamente minhas fotos eu não acho tão engraçadas assim. Contudo, é sempre muito bom perceber como ainda vale a pena espalhar algumas sementes de humor e subversão mundo afora. Não me considero o melhor, o mais engraçado, o mais subversivo, sei meu espaço e é nele que quero habitar até me der na telha de mudar.


Ser subversivo é quando vc começa a falar e alguns param para prestar, enquanto outros começam a fazer caretas, sabendo que vc vai falar algumas coisas que incomodam. Para um subversivo, é tão bom escutar o famoso "Lá vem ele com as suas...", e melhor é quando ele percebe que há alguma lógica no que estou dizendo. E o contrário tb é fantástico, quando eu vejo que ele tem razão, afinal, "penso, logo, mudo de opinião". A primeira vez que escutei que era subversivo foi da minha fonoaudióloga, que era minha psicóloga também, quando ela me disse que eu andava na contramão do mundo. Achava que era assim por ser cristão,ledo engano. Para aumentar e complicar a minha subversão, eu estava na contramão do mundo e estava na contramão dos meus pares cristãos. Até hoje sou mal visto, ou como o subversivo, ou como o rebelde, ou aquele que não respeita hieraquias. Até entendo essas pessoas, mas, em minha defesa, que mal há em perguntar "por quê" ?



Tentar cada dia ser diferente, mas sendo eu mesmo, não inventando caricaturas; olhar, agir, sentir sempre sobre uma perspectiva diferente; amar o desconhecido e só sossegar quando este se tornar conhecido; aprender cada dia uma palavra nova no dicionário, descobri um novo cantor (a) para apreciar, mudar o tempero do arroz, rir da mesma piada sempre, sorrir, amar,e, principalmente, fazer rir, fazer pensar, fazer refletir, fazer mudar: não para o meu jeito, não condicionar essa transformação, mas mudar, sempre mudar. Enfim, transformar a monotonia, a rotina em algo, pelo menos, mais divertido. Mas ser subversivo não se resume a somente isso. Há tantas outras formas, atitudes, pensamentos, para ser subversivo. Mas, para mim, há 2 carcaterísticas para ser um subversivo:


1 - Se sentir incomodado com qualquer tipo de acomodação, passividade e afins. Se tem uma coisa que me irrita, essa coisa é conformismo. Pessoas que se anulam, esquecem seu poder de criatividade, de mudar, de revolucionar, e ficam paradas, agindo do mesmo jeito, pensando da mesma forma, tais como robôs sem coração, sem alma, sem espírito crítico. É claro que não são todos, mas uma razoavel parcela é assim. Em prol de um nome, reputação, de uma falsa e porca hipocrisia, esquecem de...

2- ...Ser vc mesmo. É vc gostar de si mesmo, se amar, sem que para isso vc precise escutar essas palavras de outrem. E gostar de si mesmo é saber seus defeitos, sem que para isso vc tenha que acabar sua auto-estima, e reconhecer suas virtudes, sem que para isso vc seja chamado de presunçoso. É ser verdadeiro o tempo todo, até com vc mesmo. Ou vc, meu amigo leitor, não tem segredos que nem vc quer lembrar? Pensamentos,atitudes que já fez, ou já pensou em fazer que vc nunca contou para ninguém e esqueceu em alguma parte de vc? Na busca de amigos verdadeiros, esquecemos que nós podemos ser nosso melhor amigo, sem que, para isso, nos isolemos. É reconhecer que somos contraditórios, que não temos coerência, que não somos uma máquina, que a falha é essencial em nossas vidas. Eu gostaria de entender certas pessoas que vivem em função do que as pessoas dizem. É claro, que em certos graus, todos somos influenciados pela opinião dos outros, mas viver pautado no que as pessoas acham, é se policiar, colocar uma camisa de força na sua liberdade. Eu não tenho vergonha de ser eu mesmo: falo alto, gesticulo como um legítimo italiano, rio de tudo e de todos, minha risada, como diz minha amiga Priscila, é escandalosa sim. Falo rápido, falo besteira, soltos meus palavrões. E serei assim até me eu me cansar: não tenho melindres em mudar. É ser Cristão e escutar Marcelo D2, Angra, Earth, Wind & Fire, Bach, Bethoven, Ja Rule, Tom Jobim, Mariah Carey, Stevie Wonder, Dj Patife, Seu Jorge, sem se achar sem personalidade, muito pelo contrário.



O mais interessante é quando esquece dos outros, certas características que vc gosta são reparadas sem que vc force isso. Concordo que todos nós usamos máscaras, até quando achamos que não temos nenhuma, mas tem pessoas vivem com uma máscara para agradar, para ser bonzinho, para se enturmar, para ser popular. E, desculpe a expressão, dá ânsia de vômito: até uma flor de plástico é menos artificial que essas pessoas. Como professor, como homem, naturalmente tem pessoas que não gostam de mim mesmo, de graça, sem procurar saber quem sou eu, e não vejo problema nisso não: o meu mundo seria tão chato se as pessoas só gostassem de mim, me achassem bacana, popular. Mas, como qualquer ser normal, gosto de elogios. São raros, por isso saboreados de forma toda especial. Um elogio que eu amo, e que é o mais comum é o famoso engraçado: as pessoas pensam que eu sou um palhaço extrovertido, enquanto eu me acho um tímido introvertido com alguns lampejos de ironia. Mas tenho um carinho tão grande quando falo alguma coisa, espontânea, simples, inadvertidamente, e faço alguém rir, que posso dizer, sem dúvida, que vale a pena ser vc mesmo. Ainda...


Subversivos: não somos vilões, também não somos semideuses. Somos como vc, seu pai, o padeiro da esquina, o jornaleiro, o vendedor de bala: normais. Temos anseios, medos (muito medo, aliás...), interesses, não somos benfeitores desse mundo. Somos, como no velho clichê, diferentes.


Espero que isso tenha, pelo menos, te incomodado.


Nelton, sinônimo subversão.

quarta-feira, maio 24, 2006

Soltando Cobras e Lagartos



Acabei de chegar de uma acalorada discussão: teoricamente, não seria o melhor momento para sentar e escrever, e sim, deitar, repensar certas atitudes e pensamentos esperando acordar no dia seguinte com a cabeça menos ‘quente’. Não será surpresa nenhuma se eu te disser que comigo isso não funciona.A porta está aberta, ainda estou um pouco molhado da chuva, a mochila está largada em algum canto do chão da sala. Era necessário que escrevesse aqui:ou eu extravaso tudo, ou vou ficar me remoendo aqui, num ato quase de autoflagelação. Sobretudo quando o autor em questão é daqueles que joga no time dos “eu poderia ter dito isso...”. Não entendeu? Ta, eu explico: há pessoas que sempre tem uma resposta na ponta da língua, no momento certo, uma dádiva que somente alguns possuem de desarmar o seu oponente. A maioria a qual pertenço, são daqueles que, na primeira oportunidade de relaxar, ficam se lembrando segundo a segundo da briga e sempre com o seguinte chavão: “eu poderia ter dito isso...”.



Enfim, estamos aqui, eu e você, e o leite já foi derramado.Falando em leite, peço um instante para pegar alguma coisa para comer, sabe, dar aula dá fome...Obrigado por estar ainda aqui (vc está?), um pouco de leite com Toddy e pães de queijo adormecidos já dá para cobrir alguma coisa... Sem entrar nos pormenores da briga, menos por tentar preservar a intimidade da outra pessoa (vale lembrar que estou ainda de cabeça quente, logo, não se assuste se quiser que a outra pessoa vá para aquele lugar que nós estamos pensando), e mais por tentar transformar o assunto em mais do que uma lamentação, fiquei no ônibus sobre o motivo dessa discussão. É evidente que não serei contraditório com meu ultimo artigo, quando disse sobre a questão de que a verdade é relativa, logo, todos tendemos a acreditar que somos os detentores da tão famigerada “verdade”, mas não tenho outra hipótese a ser pensada além de uma briga de egos. Sim, duas pessoas em franca concorrência medindo forças. O único detalhe que deve ser acrescentado é que uma possui uma posição hierárquica maior do que o outro, no caso eu.



Não fica bem aqui comentar como o capitalismo promoveu o egoísmo na sociedade, todavia, não sejamos levianos: somos todos egoístas, não há sombra de dúvida.Mais do que egoístas, somos competitivos, não aceitamos o segundo o lugar, nunca. Em alguns casos, isso é até um motivador, caso do Senna, que sempre dizia: O segundo é o primeiro dos últimos, mas em outros, perdemos até a nossa humanização. Nos tornamos máquinas, desumanizadas, grotescas, robotizadas numa guerra contra o outro. Eu sou extremamente competitivo, embora saiba disfarçar muito bem. Eu sempre me dei muito bem nos esportes que praticava, eu sempre tinha uma automotivação que me sustentava. Na faculdade, nunca fui o primeiro da turma, contraditoriamente nunca liguei para notas, mas estava numa silenciosa competição para ver quem sabia mais sobre algum tema, que não, necessariamente, significa tirar dez na prova. Como professor, a competição é comigo mesmo, buscando sempre dar uma aula melhor do que a anterior. A competição Interprofessores comigo só se dar quando algum professor começar a brincadeira: aí é aquela história, um boi para não entrar, uma boiada para não sair.



E não há nenhum mal em ser competitivo, o mal reside em ser desleal. O erro começa quando vc usa de artimanhas, estratégias sujas e covardes para desqualificar seu adversário. Táticas tipo Pica-Pau, Tom e Jerry, Pernalonga: não basta apenas vencer, é necessário ridicularizar o oponente. E falo com a experiência de ter assistido todos os episódios que o SBT já passou sobre o Pica-Pau. E é isso que me assusta: cada vez mais as pessoas têm se tornado desleais, usando posições, palavras, atos para não denegrir quem elas consideram oponentes.



Isso me faz pensar em outra coisa que me irritou hoje na tal discussão: uma mania de se acreditar num mito talvez mais nefasto que o Papai Noel (desculpa se acabei com a ilusão de algum leitor): o de se acreditar que certas pessoas não dão valor a opinião pública. Aquele ditado, Fale bem ou fale mal, mas fale de mim, é mentira: quase s totalidade das pessoas querem uma opinião pública favorável, e vestem uma máscara visando a isso. Isso aqui é uma expressão do que estou dizendo: por mais que tente ser imparcial e mostrar que tb estive errado, embora não fosse uma pessoa de briga, é claro que entre o meu o oponente e eu, esse post visa a me defender. Se uma pessoa fala ou age de forma com que provavelmente será mal vista pelos outros, é mais por irresponsabilidade ou ansiedade de fazê-lo do que algo feito conscientemente que as outras pessoas talvez não gostem. E isso é comigo também, eu tenho o péssimo (e dessa vez é péssimo mesmo) de querer que todos gostem de mim. Mas, ao mesmo tempo, sei que isso é impossível agradar a gregos e troianos, mas me indago, sem sucesso, porque não posso. E isso reflete diretamente na minha tão comentada auto-estima: só o fato de saber da minha impotência na produção de uma boa imagem, me faz ficar angustiado. Loucura? Não. Carência, talvez. Prefiro pensar numa especificidade sem atribuição de valor...



Voltando a já quase esquecida discussão de hoje, tem pessoas que possuem dons: o de curar, o de falar em línguas estranhas, o de interpretar essas línguas, o de profetizar, o de sonhar. Só que existe que a bíblia deixou de citar, talvez porque não seja um dom divino: O dom de irritar as pessoas. No geral, todo mundo tem esse dom, mas alguns possuem-no mais aguçado que outros. E para me irritar de verdade, honestamente, é meio difícil. Mesmo porque não sou daqueles que se acham o super-homem ou o Intocável, que vê coisas onde não existe, tipo, a beleza ou a forma física. Mas quer me irritar? Me chama de mentiroso. Mais do que uma calúnia, é uma injustiça: se peco,é por excesso de sinceridade. Torno-me até inconveniente se perco meu autocontrole (que ta precisando de uma atualização), me vejo no Luis Fernando Guimarães com o Sr. Sincero. Que me perdoem os mais moderados, mas me chamar de mentiroso é ser burro. Falar ou agir como se eu fosse um. Isso mesmo, o famoso jogo das omissões, vc sabe o que é isso: certas coisas não precisam ser ditas, vc percebe num olhar, numa atitude, num silêncio...




Depois de 35 minutos, a porta permanece aberta, a roupa ainda não foi trocada, a mochila continua no chão (espero q não tenha quebrado o perfume), a fome permanece, mas estranhamente me sinto mais leve, ainda desconfortável, não pelo o que o outro fez ou disse, mas por mim mesmo, por certas coisas que eu não disse e pelas que disse. Curiosamente, percebi que o outro errou, mas que eu também errei, e muito, talvez até mais. Enfim, é vida que segue, porta que se fecha, roupa que se troca, mochila que se tira do chão, alimento para se comer e cama para dormir, pois amanhã é um outro dia, se não mais alegre ou mais triste, um dia diferente: um dia qualquer.

segunda-feira, maio 08, 2006

Festa de Aniversário

E não é que é verdade? É o que o futuro me espera...





FESTA DE ANIVERSÁRIO

Os ingredientes são: uma porção de caos, duas de confusão e uma pobre mãe exausta — tudo misturado com um cão latindo e balões estourando.

Uma boa festa de aniversário deve ter no mínimo vinte crianças, sendo uma de colo, que chora o tempo todo, uma maior do que as outras, chamada Eurico, que bate nas menores e acabará mordida pelo cachorro, para a secreta satisfação de todos; e uma de rosto angelical, olhar límpido e vestido impecável, que conseguirá sentar em cima do bolo de chocolate. Esta deve se chamar Cândida.

Boa festa de aniversário é aquela em que, depois que todos foram embora, a mãe do aniversariante examina os destroços com o mesmo olhar que Napoleão lançou sobre os campos de Waterloo depois da batalha, e fica indecisa entre chorar, fugir de casa ou rolar pelo tapete dando gargalhadas histéricas. Desiste de rolar pelo tapete porque o tapete está coberto de restos de comida.

É indispensável que no fim da festa sobre uma criança que ninguém sabe como foi parar embaixo do sofá.

— Como é seu nome, meu bem?

— Cândida.

É ela de novo. E as grandes camadas de chocolate no seu traseiro não estão ajudando o tapete.

A mãe do aniversariante decide chorar.

Melhor ainda são os pais que vêm buscar as crianças e ficam para tomar uma cervejinha. A noite já vai alta, os filhos dormem nos seus colos com a boca aberta, os balões coloridos presos ao dedo de cada criança fazem um balé em câmera lenta no meio da sala, e os pais não vão embora. A mãe do aniversariante não sente mais as pernas. Apalpa um joelho, para ver se a perna ainda está lá. Fantástico: está. E então ouve, incrédula, a voz do marido:

— Carminha, traz mais uma cerveja para o Dr. Ariel...

Será que o inconsciente não sabe que ela teve que correr o dia inteiro? Que encheu os balões com seus próprios pulmões? Que fez a torta de chocolate com a sua própria receita? Que por pouco não estrangulou vinte crianças com as suas próprias mãos? Boa festa de aniversário é a que acaba com a mãe do aniversariante querendo estrangular o próprio marido.

E o padrinho do aniversariante, que vem de longe especialmente para o aniversário e é ignorado pelo afilhado?

— Ora, Rodolfo, é que ele não via você há dois anos. Criança esquece depressa.

— Ele jamais gostou de mim.

— Gosta sim, Rodolfo. Ó Beto, vem cá pedir a bênção a seu padrinho.

— A bênção, padrinho.

— Agora dê um beijo nele. Pronto. E agora agradeça o presente que ele trouxe para você.

— Obrigado pelo "Forte Apache".

— Viu só, Rodolfo? Você não pode se queixar do seu afilhado. Ele adora você.

— É. Só que o meu presente não foi o "Forte Apache".

O padrinho ficará com a cara trágica até o fim da festa. Recusará salgadinhos e cervejas e suspirará muito. Antes de dormir, o afilhado virá correndo lhe dar um beijo espontâneo e um longo abraço. Na hora de ir embora, Rodolfo confidenciará aos compadres:

— Ele me adora.

Uma boa festa de aniversário deve ter guaraná morno e show de mágica. O mágico deve ser arranjado à última hora e não pode ser muito bom. A mãe do aniversariante deve contratar o mágico na certeza de que, depois de cantarem o "Parabéns a você", comerem a torta de chocolate e beberem o guaraná morno, as crianças não terão mais o que fazer, perderão o interesse e a festa será um fracasso. Ê preciso um show para entretê-las.

— Crianças, atenção! Uma surpresa para vocês!

Dona Carminha não consegue atrair a atenção das crianças. Há um grupo brincando de pegar, outro brincando de cabra-cega, um terceiro improvisando um renhido futebol com balões, e a Cândida que — com sua cara impassível de querubim — se prepara para amarrar uma jarra caríssima no rabo do cachorro.

— Crianças! Por favor, silêncio! Parem imediatamente tudo o que estão fazendo. Para vocês não ficarem sem o que fazer, vamos apresentar um show de mágicas!

Deve ser uma luta para reunir as crianças em torno do mágico. Antes que o espetáculo acabe, as crianças estarão participando ativamente de cada truque, espiando para dentro da manga, descobrindo todos os compartimentos secretos e desmoralizando por completo o mágico, que no dia seguinte mudará de profissão. Em seguida, a mãe do aniversariante tentará organizar um calmo e instrutivo jogo de charadas, mas ninguém lhe dará bola. As crianças agora brincam de Zorro, e o Eurico, montado no cachorro, faz um rápido "Z" com um jato de Coca-Cola na parede da sala.

Uma boa festa de aniversário deve terminar depois da meia-noite, quando o último pai sai arrastando a última criança, e a criança, o último balão, que estoura na saída. A mãe do aniversariante deve olhar para o marido, suspirar e declarar que está morta. Que irá direto para a cama e só pensará em arrumar a casa amanhã. Ou daqui a uma semana, sei lá. E só então se lembrará:

— Meu Deus, a Cândida! Temos que levar a Cândida em casa. Uma boa festa de aniversário deve terminar com uma criança sonolenta sendo entregue em casa com a recomendação:

— Olhe que ela está que é só chocolate.


(Do Fantástico Luis Fernando Verissimo)




sexta-feira, maio 05, 2006

The Emancipation of Me




Estar desempregado não é tão ruim como eu pensei. Obviamente não é o que pedi a Deus, mas tem lá suas vantagens: vc pode compensar todo as noites de sono perdidas por conta da faculdade, mudar um pouco seu fuso horário (do tipo que acorda as 11 da manhã e dorme as 3 da madrugada), acompanhar aquele seriado que você tanto gosta, mas que passa as 2 da matina , ter tempo para ler todos os jornais e revistas sossegadamente, ler aquele livro só por curiosidade e não pq ele vai cair na sua prova. Mas, mais do que tudo, o que essa fase momentânea da minha vida -ouviram? MOMENTÂNEA- me proporcionou foi a possibilidade de pensar e repensar certas coisas que o mar do esquecimento nos leva.




Fiquei me perguntando pq cargas d'água eu fui me formar em História. Não, não é arrependimento, pelo contrário, fui tentar achar uma razão diferente das que convencionei para ser apaixonado pela Clio. As que convencionei, para saciar a curiosidade alheia, foi a que comecei a gostar de lecionar quando comecei a dar aula para as crianças na minha igreja. O mais engraçado é que fui lecionar por conta de uma menina que era apaixonado. A outra razão para começar a gostar de dar aula foi quando a professora provocou a turma e disse que daria generosos 0,5 ponto para aquele que desse aula por 2 tempos. Quem foi lá na frente dar aula? Isso mesmo, eu. E lá, por mais que a turma estivesse me sabotando -e estava mesmo- eu senti que ali era o mesmo lugar. Isso no meu segundo ano de ensino médio. Porém, curiosamente, nunca tinha reparado que nessa duas razões, não tem nada que explique o fato de ter sido História a disciplina escolhida. Não tem razão: não era minha matéria predileta (Pasmem, as prediletas era Física e Geografia Política), nunca tive a cultura de leitura, não fui educado numa família que incentivasse o hábito de ler.



Não só o de ler, mas de várias outras características que eu possuo hoje. Isso é estranhamente bizarro, posto que sempre carregamos algumas características dos pais, seja biológica, seja culturalmente. Tirando o fato de, pelo que eu me lembre, ser a cara da mãe,, ou seja, a parte biológica, na parte cultural eu não tenho NADA que eu possa dizer que herdei deles. Sabe aquela história de "se quiseres conhecer um homem, conheça a sua família"? Comigo não adianta...As vezes eu me pego prestando atenção a alguns discursos do meu pai aqui em casa, conversando com a esposa dele. E consigo discordar do início ao fim, incrivelmente. E acredito que ele deve ficar se perguntando que filho é esse que escuta coisas do seu tempo, como "Frank Sinatra", "Marvin Gaye", "Aretha Franklin", e qualquer banda de soul/funk dos anos 70, e coisas que quase nenhum rapaz de 22 anos escutaria normalmente, como Jazz, Bossa Nova, Música Clássica etc. Em geral, os filhos começam a construir seus gostos escutando o que tem em casa, os famosos Lp's, e eu não me lembro de nenhum Lp dos meu pais, a exceção dos seus lps dos Bee Gees e da trilha de "Estúpido Cupido" que escutava escondido da minha mãe, que tenha me marcado. Fui gostar de Bee Gees anos depois e detesto Jovem Guarda.Mas entendo se ele pensar assim, que eu sou louco. Não estamos acostumados a ser diferentes, na verdade, o "bom" é quando vc é igual aos outros. Eu sei, querido leitor, vc não pensa assim, mas vc já parou para pensar quantas pessoas pensam desse jeito.Mas o mais estranho de tudo não é quando eu vejo quanto meu gosto musical se difere dos meus pais, e sim como construir esse tão eclético gosto musical( E põe eclético nisso, são 21 Gb de música ao todo). Talvez tão complicado de responder essa pergunta quanto a de responder pq eu fui gostar de ler. Não sejamos hipócritas: a falta de incentivo, mais a preguiça natural de ler de uma juventude que passa horas na televisão e na Internet, mas chega aos seus vintes anos sem ter lido um grande clássico sem ser aqueles cobrados na escola. Eu tinha tudo para ser mais um destes, e ainda reconheço que há muitos clássicos que ainda não li, e ao contrário do Diogo Mainardi, eu não me orgulho nem um pouco disso. Nunca ganhei um livro de presente (se tem algum leitor meu que é pai, deixo a pergunta: vc já deu um livro para seu filho?), não tive acesso a biblioteca do meu pai, sobretudo pelo mínimo detalhe: ele não tem biblioteca. Mas eu sei quando começou a minha paixão pela leitura, e para isso teremos que voltar aos longínquos dias de 1994. Foi graças a um livro paradidático, que tinha que ler, a primeira sensação de como a leitura e as palavras são fascinantes: O menino do Dedo Verde, de Maurice Druon.



Eu me recordo de já ter lido outros livros paradidáticos, antes e depois,, mas não me esqueço desse: mais do que a "obrigação" de ler, eu comecei a ter prazer em ler. Prazer de ler para mim é mais do que vc extrair algum ensinamento, alguma lição, de se instruir, é vc se transportar para o livro, isto é, o mundo esta ao seu redor, mas vc esta dentro daquelas linhas, sendo espécie de Voyuer de toda aquela trama. É montar um pequeno filme na cabeça, um filme que muda sempre que vc retorna a ler aquelas palavras. É fantástico vc sentir essa sensação com 10 anos de idade, uma faixa etária tão rica, tão criativa, tão explosiva para a cabeça de um "pré-adolescente", vulgo criança.É tão fresca e viva a lembrança quando eu fui a um médico no Valqueire: eu tava tão hipnotizado pelo livro que minha mãe que me guiava. A partir daí comecei a ser um fiel assíduo a tão vazia biblioteca do Santa Mônica. Lia aqueles livros, que hoje dou risada, de diários de adolescentes,e Pedro Bandeira: a Marca de uma lágrima,A Droga da Obediência,a série dos Karas,etc. Enfim, fui aprendendo a gostar de ler: a qualquer momento eu poderia me deslocar para onde quiser, eu poderia ir para qualquer lugar, poderia ser quem eu quisesse, ou melhor, ser eu mesmo, sem as amarras que nos prendem e que moldam de acordo com algum tipo de estereótipo pré-estabelecido.Talvez aí esteja uma razão para meu ecletismo musical: na verdade não existe um Nelton, uma máscara, um ser previsível e padronizado, mas sim, vários Nelton, vários humores, vários pensamentos, imprevisível.



Isso é diferente de ter personalidade múltiplas, é vc entender que ser contraditório não é o fim do mundo e que nem tudo que se difere contrapõe entre si. Talvez isso explique minha tolerância, num sentido mais amplo. Sou daqueles que pode não concordar com uma palavra do que dizes , mas lutarei até a morte pelo direito de você dizê-las, parafraseando Voltaire. Vibrei com a faixa de "Coexistência" na testa do Bono Vox (embora não goste de U2), e detestei quando vi uma revista dita "Evangélica", discutindo a questão da Coexistência, dizia, em nome de todos os protestantes, que nós dizíamos não a Coexistência. Sou protestante, embora deteste o termo evangélico (por outro pormenores que só deixariam esse post mais longo), mas sou daqueles tipo de protestante raro nos dias de hoje: aquele que reconhece que sua igreja não é perfeita, que sua religião não é a melhor, que devemos respeitar a religião do outro, porque, na verdade, nenhuma religião é perfeita, nenhuma é melhor do que a outra. Esse proselitismo gratuito que tenho que ver e acompanhar todos os dias, onde pastores,não obstante alguns bem intencionados, outros conscientes do que estão fazendo, se auto intitulam "geração eleita"e dizem que são o único caminho que levam ao céu,ao verdadeiro Deus,e ao seu enaltecimento, atacam as outras religiões, não levando em consideração o filtro de cultura, que é diferente, que cada religião passa em relação a revelação divina, é algo tão comum e tão intrínseco nas pessoas, que, espero que não, qualquer pessoa religiosa que leu até aqui ou tá saindo do blog ou ta em vias de sair. Consideram-me um polêmico, um subversivo, mas ninguém parou para pensar se aquela pessoa que está nas "trevas" realmente está afim de sair de lá, ou melhor, se considera em trevas. E o que vc vê são pessoas "tacando terror" nas outras, não tendo tolerância com o irmão, não respeitando a sua opinião, mesmo que não concorde, ou mesmo fazendo comentários infelizes e fúteis como eu já tive desprazer de ouvir:"Morreu e não se converteu, é, vai para o inferno!". É claro que acredito que o Protestantismo seja a melhor forma de me religar com Deus, se não achasse, seria no mínimo estranho ainda permanecer lá. Mas conceitos como "bom", "Melhor" são subjetivos e, por isso, variam de pessoa para pessoa. Ou seja, gostar da minha religião não significa odiar e abominar as outras: posso até discordar de alguns dogmas, mas as respeito com dignidade.Não é a toa que um grande amigo meu diz que eu sou o menos evangélico dos evangélicos. Embora eu saiba que sou diferente, não me acho único: há um grupo infinitesimal de "evangélicos" que pensam. Quero crer que sim...




Outra característica além da tolerância é a da desconstrução de pensamentos. Há pessoas que constroem suas idéias, sua régua de valores e comportamentos e vivem eternamente sobre aquilo que tão arduamente construiu. Eu construo minhas idéias para justamente desconstruir mais tarde.Para mim, melhor do que dizer "Eu tenho uma idéia!" é dizer "Eu mudei de idéia". Entrando na frase clichê do Raul Seixas, eu prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha idéia sobre tudo. Isso, para mim, é bom pq vivo num eterno aprendizado: nenhuma idéia é suficiente para me saciar, eu busco sempre mais, sempre mais explicações, mais conceitos, e por muitas vezes encontro-me mudando de idéia: depois de algum tempo, vc começa a refletir sobre suas primeiras impressões e verifica que vc pensa, hoje, completamente diferente. Mas o poder da inércia é mais forte do que podemos imaginar: pessoas tem aquela velha idéia e não busca mais fontes, tanto para reafirmá-las qto para refutá-las, por pura preguiça, por desconhecimento, em menor escala por vontade própria, e uma parcela por arrogância. Sim, arrogância, aquela maldita característica de se achar superior aos outros e tratá-los com menosprezo.




Certas coisas que são aprendidas na escola são decoradas e nunca refletidas. Vejamos só: todos aqui aprendemos que com Copérnico e Galileu, os homens começaram a ver que o universo não gira em torno da Terra, mas, agora, era o Sol o centro do Sistema solar. Chamamos essa idéia de Heliocentrismo.Olhamos para isso como uma coisa distante, fria, a decoramos, acertamos a questão na prova e esquecemos do essencial: refletir. Esquecemos que pensamos que o mundo gira ao nosso redor, que nossos valores são os melhores, que nossas idéias as mais brilhantes, nossas posições, as corretas. Somos a Terra, arrogantes e prepotentes: entramos num discussão, numa conversa, não pelo prazer do debate, de observar uma segunda opinião, respeitá-la,mesmo que a discorde. Não, entramos numa discussão já certo de nossa vitória, tendo a idéia que o produto final desse debate é o convencimento da outra parte. E assim caminha a humanidade: homens e mulheres, jovens e adultos querendo vencer, como se tudo fosse uma grande competição e esquecendo que o principal é o diálogo interno, é a vitória contra seu maior inimigo: vc e a sua inércia. Qdo começarmos a agir assim, não necessariamente mudando de idéia como se muda de camisa, mas refletindo sobre nossas "verdades", mudando quando for necessário, estaremos, destarte, fazendo jus a celebre frase de Descartes de "Penso, Logo existo", i.e., dignificando a existência do nosso ser.É assim que eu caminho, por estradas diferentes da que meu pai me acostumou a seguir, por vezes, na contra-mão do mundo, mas sempre buscando a minha autonomia.




E ai de vc de discordar de mim!




Music do Post - Virtual Insanity do Jamiroquai

domingo, março 19, 2006

Notas mentais em um fim de noite.



Em geral esse autor que aqui vos escreve de forma um tanto quanto equilibrada: nem tão frio que parece que você esteja lendo um artigo científico chatérrimo, nem tão pessoal a ponto de invadir certos pontos estratégicos da minha privacidade. Afinal, sou uma pessoa que, quanto mais se convive, mais se tem a sensação que menos o conhece: volúvel, inconstante, e deveras paradoxal.

Mas hoje resolvi mudar: são 3 da manhã, a escuridão da linda madrugada estrelada só é interrompida pelo clarão do meu monitor, e venho de uma festa que mais que me divertiu, méritos da aniversariante e dos velhos amigos de infância que reencontrei, provocou uma avalanche de reflexões, umas mais óbvias que outras. Para isso, talvez terei que mexer em alguns bolsões do meu íntimo, de sentimentos pouco revelados, e meu blog servirá para algo que sempre comprei, mas vivia em branco: um diário.

Não sou muito de sair, pouco vou às festas, nunca fui a uma boate (o máximo que já aconteceu foi virar a noite na casa de um colega falando bobagens através do famoso jogo da verdade), mas dificilmente fico deslocado quando vou a uma festa: meu contato semanal com jovens de 8 a 80 me fez pensar ter uma espécie de cultura paralela, onde o funk, forró, pagode, jovens bêbados, jovens semi-nuas, e mais meia dúzia de obscenidades fossem algo normal para mim. Hoje descobri que essa cultura paralela é uma balela: nunca me senti tão desconfortável e deslocado com os rap’s que rebaixam a posição da mulher a qualquer coisa abaixo de objeto de uso descartável, com uma dúzia de jovens vestidos como dita a moda, bebendo como dita a moda, falando como ditam a moda, se exibindo como se estivessem numa vitrine, como dita a moda. Não to aqui condenando que goste de ser assim, apenas ressaltei esses aspectos para ressaltar ainda mais meu deslocamento. Como foi difícil achar assunto com meus velhos colegas de condomínio, à exceção de uns e outros que eu mantenho contato, como foi árdua a tarefa de tentar falar alguma coisa sem parecer soberbo, arrogante, ou coisa que valha.

Sobre a arrogância, eu tive pavor dessa palavra, era a última coisa que eu queria ser nessa vida, mas volta e meia vejo alguém dizer que eu sou, ou fui em algum momento prepotente: a vez mais dolorida foi quando soube que não passei no mestrado porque o entrevistador tinha me achado arrogante. Preferia continuar conjeturando que não tinha passado por falta de capacidade mesmo. Pois para essa deficiência, a da incapacidade técnica, há um remédio: o estudo, redobrado e melhor explorado. Mas como resolver o problema da arrogância? Até semana passada, se você me perguntasse se era arrogante, seria taxativo em dizer: Não. Hoje já não sei. Às vezes sou hipócrita comigo mesmo, invento algumas desculpas para escamotear a realidade. Inventei, ou dei relevo,o fato de não ser nem melhor, nem pior, apenas diferente. E realmente, sou tão diferente que pareço um E.T. em muitas áreas, características, gestos e atitudes, mas isso não exclui, e hoje tenho mais certeza disso, o fato de que eu me acho bom, para não dizer ótimo, em certas ocasiões. O problema é meu, eu sei, porém, já parou para percebeu como a sociedade impõe uma ditadura da falsa humildade? Como o discurso do humilde, mesmo sendo um tanto quanto forçado em muitas vezes, é mais agradável aos ouvidos do que um discurso onde a pessoa afirma sua plena capacidade no assunto? Logo interpretam que tal pessoa, e no meu caso também, que eu me ache superior aos outros. Logo são chamados de presunçosos. Enfim, na sociedade onde é o ego é supervalorizado, a honestidade de dizer que é bem capacitado em tal área é mal digerido. Se permitem um exemplo, já que vejo que esse texto vai ser tão longo quanto os outros, essa semana, vendo um desses programas de futebol (aqueles que repetem o mesmo lance 36 vezes para confirmar que foi gol: um estranho e viciante hábito dos amantes de futebol), entrevistaram o jogador que tinha feito um belo gol durante um jogo do Fluminense, e ele disse algo parecido com “Eu fui muito bem no lance realmente, me coloquei bem e chutei com categoria...”. Mais estranho do que ver um jogador falando em 1ª pessoa, foi meu pai, tricolor fanático, falar para mim: “Presunçoso esse rapaz”. Em nenhum momento ele desmereceu ninguém, em nenhum momento se mostrou superior, apenas valorizou seu trabalho ( e realmente foi um belo gol). Se isso é ser arrogante, presunçoso, confesso: eu também sou, só não contem para ninguém.

A festa de hoje também serviu para me mostrar como sou diferente, se para melhor ou pior, não me interessa. Não sou o maior exemplo de timidez, entretanto, não sou tão extrovertido como pensava. Não em relação aquela turma de adolescentes que me rodeavam. Senti-me o verdadeiro Eduardo, de Eduardo e Mônica, quando repeti mentalmente umas dezenas de vezes que estava num “festa estranha, com gente esquisita, eu não to legal...”. Tentava, em vão, não me escandalizar com alguns atos, e buscava sempre pensar que era uma cultura diferente da sua, uma educação outra, seres diferentes embora muitos tivessem a minha idade. Talvez seja inspiração freudiana, mas tendemos nessas horas puxar a sardinha para brasa da sentimentalidade: eu sempre me eduquei (não tive conversas desse tipo em casa) a ver a mulher como um ser extraordinariamente maravilhoso, e tratá-la, menos pela moda que existia e mais por posições pessoais, como uma princesa, ser atencioso, carinhoso, e tudo que você tem a permissão para pensar. Cada vez descubro que a grande parte das mulheres, para não ser injusto com as que não são assim, detesta esse tipo de homem. Não é ser grudento, é ser romântico, mas as jovens (quase, nesse momento cai no descuido de falar jovens “de hoje”, como se eu aqui fosse o velho...Bem, já passou.) querem o homem que as ignorem, que não mande flores, que não ligue, e etc...Esse sim, é interessante. Talvez explique a proposição de que elas gostem dele por conta do desafio que seja “domar” a fera, mas será a birra mais forte do que o prazer de se sentir um pouco acima do status de objeto descartável? Sim, porque hoje em dia você já entra num relacionamento, seja em que grau for, já coma data de vencimento estipulada, isso porque a necessidade de se experimentar de tudo se tornou incontrolável. E sinceramente, não sei ser diferente, não consigo ser alguém diferente do que eu sou. Pago certo por isso, as vezes caro demais para minha alma, ao me envolver demais com alguém e sofrer depois que percebo que o único envolvido sou eu; viver com intensidade, amar com mais veemência ainda e se ver acompanhado pela solidão, porque as pessoas esqueceram o que significa a palavra intensidade.

Solidão: foi o que senti quando saía dessa festa. Estava sozinho, tinha rido bastante, feito rir de igual maneira, mas me senti improdutivo. Senti-me como uma espécie de entretenimento televisivo, do qual, ao desligar, é esquecido e que pouco faz refletir. Iria para minha cama sem nenhuma musa para ninar meus sonhos , sem alguém que me fizesse suspirar, rir a toa, que ligasse despretensiosamente, ou melhor: me mandasse um recado virtual, dizendo que pensou em mim (não sei se vocês sabem, mas eu odeio telefone, ouvir a voz de alguém sem vê-la me causa ainda arrepios).Enfim, To indo agora deitar sem alguém que sentisse realmente a minha falta. Sim, é carência, não nego, pelo contrário, uma das características mais explícitas na minha personalidade além da minha baixa estima (Tenho baixa estima e sou arrogante, uau, viva o paradoxo!), é a minha carência. Vocês não têm noção da necessidade do toque para mim, a sede que tenho por palavras de afeto,as de amizade são ótimas, mas me refiro a de amor, o prazer de um abraço, o êxtase de um cafuné. Viver sozinho, como eu vivo, tem lá suas vantagens a curto prazo, mas meu relacionamento com o isolamento não passa de um flerte juvenil. O ato de estar apaixonado me motiva, me faz mais feliz, assim como na maioria das pessoas. Paradoxalmente do que disse aí em cima, sou bastante extrovertidos para algumas coisas e e-x-t-r-e-m-a-m-e-n-t-e tímido para muitas outras. E põe muitas nisso, ô. A principal delas é pedir alguma coisa, não importa qual: dinheiro, dica, livro, cd, namoro, um beijo. Ô coisinha difícil. Para não dizer que nunca pedi, pedi uma única vez, não faz muito tempo: as condições eram favoráveis, o clima também, o local propício, e o não evidente. Para alguém que fica se auto-mutilando por qualquer besteira que fala ou age, que se remói por qualquer coisinha que já aconteceu há anos, isso é a bomba de Hiroshima na minha vã tentativa de romper a timidez com as mulheres. Prefiro, e se prefiro, que elas puxem o papo, que elas tomem a iniciativa, assim é mais fácil eu não errar. E como não tenho o hábito de ficar, tento suprir a necessidade inventando paixões. Agora lanço a pergunta: será que um dia eu vou realmente me apaixonar, sem ser para inteirar alguma necessidade? Uma ótima pergunta para não se responder.

O vazio que estava quando eu fui embora foi esquecido num instante, um instante em que a aniversariante, uma amiga de longa data, se lançou nos meus braços, num breve e intenso abraço, verdadeiro, honesto, emotivo, diferente da maioria dos abraços que dei naquela noite (falo isso porque já amanhece e o quadro de Salvador Dali já se pinta no céu do Rio de Janeiro). Ali senti que toda aquela pressão, aquela avalanche de pensamentos, reflexões, indagações que apareceram em 5 horas de festa se dissiparam. Abraços diferenciais, que falam mais do que mil palavras já fazem parte da minha vida e para quem lê e acompanha minhas divagações. E dessa vez não foi diferente, tão emocionante quanto. Talvez ela nem tenha se apercebido disso. Talvez a gente não perceba como é nas pequeninas coisas, nos simples gestos, atos, palavras que levantamos e derrubamos gigantes. Temos usado nosso tolo tempo em destruir para nos engrandecer, pensar no EU e não em NÓS.

Depois do abraço, entrei no prédio, peguei o elevador, e como vocês podem presenciar, todas as perguntas, as dúvidas, as reflexões, as necessidades, tudo, voltaram a povoar meus pensamentos.

Graças a Deus existem os amigos e seus abraços.





Musica para se escutar nesse post: Diary - Alicia Keys.

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Pérolas Filósficas: A Maçã




"... eis uma maçã


...Nós temos duas maneiras de estudá-la: do ponto de vista metafísico e do ponto de vista dialético. No primeiro caso (de acordo com a metafísica), nós faremos uma descrição dessa fruta: sua forma, sua cor, enumeraremos suas propriedades, falaremos de seu gosto, etc. Depois, poderemos comparar a maçã com uma pêra, ver suas semelhanças e suas diferenças e, enfim, concluir: uma maçã é uma maçã e uma pêra é uma pêra.Mas, se nós quisermos estudar a maçã do ponto de vista dialético, nós nos colocaremos na perspectiva do movimento (mas não daquele movimento quando ela rola e se desloca), mas do movimento de sua evolução. Nós constataremos que a maçã madura não foi sempre o que ela é; anteriormente ela era uma maçã verde. Antes de ser uma maçã verde ela era uma flor; antes de ser uma flor, era um broto e, assim, nós chegaremos à macieira na primavera. Enfim, a maçã não foi e tampouco permanecerá sempre o que é. Ela tem uma história.Eis o que se chama estudar as coisas do ponto de vista do movimento: é o estudo na perspectiva do passado e do futuro. Estudando assim esta maçã, o presente será visto como uma transição entre o que ela era (o passado) e o que ela virá a ser (o futuro) ..."



George Politzer

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

As verdades sobre mim


Nessas longas férias, de noites em branco e dias no escuro, repensei na minha vida, nos meus valores, e vi que tenho virtudes, além dos nossos conhecidos defeitos. Com isso, descobri que minha auto-estima baixa é uma bobagem, visto que minhas virtudes são únicas e singulares. Destarte, fiz uma pequena lista de 22 pontos sobre minhas características mais marcantes.
Eis a lista:


1 - As lágrimas do Nelton Araújo curam o câncer. O problema é que ele é tão macho que não chora nunca. Nunca!


2 - Nelton Araújo não dorme. Ele espera.


3 - Nelton Araújo está atualmente processando a NBC. Ele alega que "Lei e Ordem" são os nomes patenteados para suas pernas ("Lei" a esquerda, "Ordem" a direita).


4 - Se você pode ver Nelton Araújo, ele pode ver você. Se não pode ver Nelton Araújo, você pode estar perto da morte.


5 - Nelton Araújo contou até o infinito. Duas vezes.


6 - A última página do Guiness (livro dos recordes) diz em letras miúdas: "Todos os recordes do mundo pertencem a Nelton Araújo. Nós apenas nos damos o trabalho de listar os segundos colocados em cada categoria."


7 - A Grande Muralha da China foi originalmente construída pra impedir a entrada de Nelton Araújo naquele país. Ela falhou miseravelmente.


8 - Se você perguntar ao Nelton Araújo que horas são, ele sempre dirá, "Dois segundos até..." Depois de você perguntar "Dois segundos até o quê?" ele dará um roundhouse kick na sua cara.


9 - Quando Nelton Araújo recebe os impostos, ele manda de volta folhas brancas com uma foto dele agachado, pronto para atacar. Nelton Araújo não teve que pagar impostos nunca. Nunca!


10 - Nelton Araújo era um dos personagens originais do jogo "Street Fighter II". Ele só foi removido porque todos os botões faziam ele dar um roundhouse kick. Quando perguntaram sobre essa falha do jogo, Nelton Araújo respondeu: "Que falha do jogo?"


11 - Nelton Araújo tem duas velocidades: Andar e Matar.


12 - Uma vez Nelton Araújo comeu um bolo inteiro antes que seus amigos pudessem lhe contar que havia uma stripper dentro.


13 - Quando Deus disse "Que se faça a luz!", Nelton Araújo falou "Diga 'por favor'."


14 - NELTON ARAÚJO NÃO LÊ LIVROS, ELE OS ENCARA ATÉ CONSEGUIR TODA A INFORMAÇÃO QUE PRECISA.


15 - Nelton Araújo jogou roleta russa com um revólver totalmente carregado e ganhou.


16 - Nelton Araújo não tem um forno ou microondas, pois, como todo mundo sabe, "a vingança é um prato que se come frio."


17 - Nelton Araújo pediu um Big Mac no Bob's. Ele foi atendido.


18 - Algumas pessoas usam uniforme do Superman. Já o Superman usa uniforme de Nelton Araújo.


19 - Não existe queixo por trás da barba de Nelton Araújo, apenas outro punho.


20 - Nelton Araújo só passa as noites com a luz acesa. Não, Nelton Araújo não tem medo do escuro, mas a recíproca não é verdadeira.


21 - Certa vez Nelton Araújo deu um roundhouse kick tão rápido que quebrou a velocidade da luz, voltou no tempo e atingiu um navio chamado Titanic.


22 - Armas não matam. O que mata é Nelton Araújo.



Todas as informações supracitadas são expresões da verdade.




Musica do Post - I Got The Groove - Tower of Power ( Vc não conhece? Então um roundhouse kick em você!!!!!!!)