sábado, outubro 09, 2004

O Nosso show de Truman

Cena 1

Estou em casa, junto com meu amor, quando vejo na tv um filme do Jim carey : "O show de Truman" (ou Trumam, não sei), eu o acho essencial. Primeiro , porque é um dos poucos filmes que explora o lado artístico, e não palhaço do Carey.E, segundo, porque é um filme que explora muito a filosofia, ou falando na nossa língua, te faz pensar.

Cena 2

É tão engraçado e contraditório o fato da Globo passar um filme desses, é um daqueles casos de "Falar mal de si própria", mas vou parar de comentar aqui, pois nunca se sabe a repressão.

Cena 3

Todos nós temos um pouco de Truman, somos manipulados por uma minoria , que faz de nós figurinhas e objetos de consumo para seus prazeres . e o filme é mais do que uma crítica a esses programas de massa, que manipula e expõe a vida ( e pq não a desgraça) da população, é mais, é uma crítica a nossa vida como um todo, a forma como agimos passivelmente ,por vezes, por toda a nosa vida.

A passividade , o conformismo , a rotina é algo tão comum entre nós. Eu não sei se é por causa da minha DDA, mas não aguento ficar muito tempo na rotina. Isso tenha me influenciado na minha carreira, pois ser professor é interessante, pq a não ser que vc queira, nenhuma aula é igual a outra. Contudo não é só nisto que somos passíveis, nossa conformidade nos leva a mares nunca antes navegados. Quer um exemplo? Me diga o canal de tv que vc quando liga aparece, e quando vc vai dormir, ele lá está ,imponente? A não ser que vc seja um dos raríssimos 3% da população, ou que vc tenha tv a cabo, eu já sei a resposta. E sabe me dizer pq ele está lá,na sua casa (no meu caso, ao meu lado) imponente? Por conformidade, por uma passividade, que acarreta numa preguiça de achar algo mais interessante...

Cena 4

A melhor cena do filme: ele chega ao extremo do estúdio,bate com a vela no mesmo. E tem aquele sublime diálogo com seu "criador", muito bem lembrando Deus . São 5 minutos que valem o filme por inteiro.

Senso comum tem várias interpretações e definições. Mas eu posso resumir numa frase : "Preguiça de pensar". Esta preguiça nos leva a tão falada por agora conformidade, pelo simples motivo de aceitar qualquer opinião por não ter uma própria. Não falo em ter um opinião própria, pq ter uma opnião certa e definida sobre tudo é um saco. E aí sou igual o Gilberto Gil: sou o mais desconstrutivista possível. Sempre ando em busca de uma "atualização" para meus pensamentos.
Contudo senso comum, era o Truman no início do filme: tudo perfeito, o mundo é um grande campo de flores. Só que temos uma decisão q devemos fazer , pelo menos uma vez na vida: tomar a pílua vermelha ou pílula azul.Calma aí, isto aqui não é matrix! é sim, e aí que está o grande lance de vc entender as mensagens dos filmes: eles tem a mesma filosofia. Sabe a pílula que o neo poderia tomar e voltaria tudo ao normal? É o mundo do Truman, onde a ignorancia (não entenda como burrice) reina. E a pílula para entrar na matrix? É a curiosidade do Truman em saber o que se passa. Viagem né, parece que estou vendo, ou querendo ver chifre em cabeça de cavalo,não? Não, a filosofia vem para complicar as coisas, problematizar é seu desjo, e não simplificar.

Buscar uma razão para o existir, buscar uma razão para o que acontece ao seu redor. E aí já estamos no diálogo do criador com criatura, do mosntro com Frankstein (Frankstein é o criador, e não o monstro, sabiam?). É fenomenal quando ele diz que o mundo lá fora não possui mais verdades do que o de lá dentro. E é verdade, o senso comum tem tantas verdades quanto o senso crítico. Mas o que prefere: ter uma consciência crítica e saber da verdade, e batalhar para melhorar, ou ficar inertes, controlados por um sistema , imóveis? É esta a decisão de Truman quando tem a porta aberta: ele não etrá mais conforto, mais verdades do que tinha antes, mas ele pode mudar esta situação: ele agora tem liberdade. uma liberdade nunca experimentada antes.

Cena 5

Esta liberdade nós podemos tb ter. De que forma? Inúmeras. A História fo para mim, um deste caminho. Mas acredito que só o fato de buscar uma consciência crítica, em buscar uma nova maneira de pensar e entender o mundo, o que o rodeia , já é um sintoma de saída do senso comum. Se isto fosse uma droga , eu faria apologia: a droga do pensar. é um barato bem melhor do que qualquer entorpecenet por aí. Vicia.

Cena 6

O meu barco está começando a bater no final do estúdio, e o seu?


sexta-feira, outubro 01, 2004

O 18 Brumário do século XXI

Eu sempre falo que a História tem que servir para entendermos melhor nosso presente. Pois bem, permita-me contar uma breve e interessante História.

França, 1851 e 1852.
Uma revolução na década de 30 tinha derubado momentaneamente séculos de Império da família Bourbon. Quase 20 anos depois , uma eleição super importante: a escolha da continuação do regime de república, com voto universal, a liberdade, de um lado. Do outro, a escolha de um presidente que era sobrinho de Napoleão Bonaparte, a volta da monarquia, da repressão, da falta de liberdade.

Os eleitores? Grande e maciça maioria(desculpe-me a redundâcia) de camponeses, pessoas que tinham na mão esta decisão de garantir um novo momento na História. A massa urbana era pequena em relação a estes, para poder colocar seus interesses , caso quisessem.

Tudo certo , praticamente certo, se não fosse um incoveniente: eles eram uma classe para si, mas não uma classe em si. Não sabiam que podiam modificar seu futuro, por isto ficavam relembrando o passado.

Resultado: Luis Bonaparte foi eleito maciçamente pelos camponeses.
Pior: 2 anos depois, ele,num golpe, restabelece a monarquia , e a liberdade,mas uma vez é suprimida.

Sabe, a História não se repete,nunca. E como diz o famoso Marx, quando se repete é enquanto farsa. Contudo, é inegável que alguns fatores do passado são parecidos com outros daqui do presente.

Nós somos os camponeses, somos a maioria. Temos o poder de decidir sobre nosso futuro . Temos o poder. Contudo somos uma classe para si ,mas não um em si. Somos passivos e temos medo de controlar nosso próprio andar. Por isto nos agarramos na força da tradição, ao que já está. Achamos q o que está no controle é o suficiente, é o bom, não pq se verificou e analisou ,mas sim pq se há medo.

Medo de que? De mudar, de querer o novo. De errar sim, mas por ousar, não por permanecer inertes.

E isto se vê tanto ultimanente...tanto nos últimos dias. E é por uma aparência de que "está tudo certo", que somos controlados pelo situacionismo, o chamado "deixa como está", somos manipulados pela a inércia.

Vemos isto em todos os lugares, circulando por nós a todo instante.Pois o que pode ser libertador, pode ser opressor, intereferidor em nossa vida.

E ao contrário dos Franceses de 1852, não iremos eleger um monarquista para a presidência. Mas como eles estamos diariamente, e desde q nascemos, de 4 em 4 anos , escolendo a força da tradição, tirando de nossas mãos o poder, e dando a uma elite.(Creio q o leitor é inteligente o suficiente para entender a quem, e são muitos, de quem estou falando)

Certa vez num filme que esqueci o nome, com Robert De Niro, em que no início do filme se faz uma pergunta muito idiota,mas tão idiota, q chega a ser muito sábia: "Pq o cachorro balança o rabo?" A resposta "Pq o cachorro é mais forte do que o rabo, pois se o rabo fosse mais forte, balançava o cachorro". Nós, o cachorro, as forças da tradição, da inércia, o rabo. E infelizmente o óbvio não acontece: em vez de balançar, somos balançados pelo rabo.

Então,cuidado este fim de semana, viu?