terça-feira, junho 21, 2005

Platonismos

Dias nublados, com uma minúscula garoa, tendendo a esfriar (embora eu já esteja vestido como se estivesse no pólo norte) sempre foram os meus prediletos. E hoje não deve ficar por menos, pois além da inspiração oriunda da natureza, acordei hoje pensativo, reflexivo, cheio de dúvidas, uma angústia amalgamada com uma ansiedade que só numa coisa pensei: preciso escrever.

Platão: esse sábio conseguiu definir uma categoria de amor na qual eu, constantemente, me enquadrei, enquadro e me enquadrarei ao longo da minha vida. É uma sensação totalmente diferente de quem já amou uma vez na vida: é sublime, inebriante, atormentadora, confusa, depressiva, regojizante entre outras característica que daria um volumoso livro.

Talvez seja a tentativa de se encontrar a mulher perfeita, ou então fugir da realidade da solidão, não importa. Importa é o fato desta acontecer espontaneamente ou racionalizada, perto mas tão longe, ou mesmo, longe mas com a impressão de ser tão perto a ponto de pensar em acariciar sua pele majestosa, ainda que tal pele majestosa esteja a algumas centenas de quilômetros longe de ti. É um sentimento que seja dos mais difíceis de ser romper: é mais difícil romper consigo mesmo do que com o outro, e neste processo platônico, se quiseres despedaçar tão ambíguo sentimento, terás que despedaçar a ti mesmo em primeiro lugar.

Sobre amores platônicos há uma considerável literatura contando passo a passo o que acontece com as pessoas vítimas desse bem, como se tudo nesse mundo pudesse ser reduzido a receitas de bolo. E como tais receitas você encontra a torto e a direito por aí, prefiro dar a(s) minha(s) experiências, que nunca tiveram finais felizes como os amores platônicos hollywoodianos . A minha adolescência entrecruzou-se, indelevelmente, com amores platônicos, de modo tão rápido e tão inexplicável que quando vi, não conseguia me imaginar mais com outra pessoa a não ser ella. Fui aos 4 cantos da terra para buscar sua amizade, criei e recriei o céu por ella, meu coração vivia em coma: e só acordava quando meus olhos a viam, ou escutavam a sua doce voz. O tempo não foi meu inimigo, pelo contrário, dois anos são 730 dias pensando incessantemente nella, o que é, no mínimo razoável. Bem, tive que me contentar com sua grande amizade, o que para mim, naquele período era como se fosse um prêmio de consolação. Pensei: “não vou cair nessa armadilha novamente!”. Enganei-me a mim, mas não ao meu coração, que é padece do mal da surdez. Mas dessa vez seria mais maduro, mais honesto comigo, menos altruísta. Foi quando percebi que fazia as mesmas coisas, que no amor platônico, não há maturidade ou imaturidade, há desapego a sua pessoa em prol de outra. Sofri novamente...

Passaram-se quase 5 anos, pensei que tinha superado essa fase juvenil de minha vida, mas como o andar na bicicleta, uma vez que você aprende, não esquece nunca e sempre volta ao ponto inicial. Pior, ou melhor, da mesma forma do que aos seus 16 anos. Mas há suas diferenças: se outrora fora espontâneo, dessa vez foi escolhido, pensado, racionalizado. Mas novamente sofri, da mesma que me alegrei dezenas de vezes. É processo viciante, a adrenalina no corpo é arrebatadora.

Mas nem tudo é lamento. Em todas, eu aprendi muito mais do que perdi. Não entrarei em pormenores, mas praticamente tudo que eu sou hoje é graças ao meu platonismo: desde dos livros que leio, do meu gosto musical, o que é engraçado, pois eu sou diferente de quase toda minha família (graças a Deus!), até, e acredite-se se quiser, a minha paixão pela docência, a escolha da minha profissão.Tão entranhado nesse universo feminino que adquiri um conhecimento, pequeno, reconheço, deste tal mundo tão fascinante. Mas, sobretudo, aprendi a fazer alguém feliz, não sei se consegui algum dia, mas eu ainda mostrarei.

Mas é difícil eu pensar como o cantor, em acreditar só vou gostar de quem gosta de mim .

Talvez eu goste de ser, ou estar assim. Talvez porque acredite que possa acontecer para mim o que aconteceu com Simplício Gomes e a Dudu, do conto de Artur Azevedo. Termino esse passeio na minha mente pedindo para quem esta a ler-me , que se delicie com esse conto, e imagine quão doce final eu quero uma vez na minha vida.

Mesmo em sonhos.

segunda-feira, junho 20, 2005

Momentos Poéticos I

De volta ao Planeta dos Macacos!

Mas como todo regresso a normalidade, pelo menos durante esse 1 mês e meio de férias, faz-se necessário alguns instantes de re-adaptação social, política, religiosa, e, sobretudo, emocional. Deixo então que o poeta descreva, com uma admirável perfeição, meu estado de espírito das últimas semanas.

Senhoras e senhores, é com imensa satisfação que vos apresento,
Luis de Camões







Transforma-se o amador na coisa amada,
Por virtude do muito imaginar;
Não tenho logo mais que desejar,
Pois em mim tenho a parte desejada.
Se nela
está minha alma transformada,
Que mais deseja o corpo de alcançar?
Em si somente pode descansar,
Pois consigo tal alma está ligada.

Mas esta linda e pura semidéia,
Que, como o acidente em seu sujeito,
Assim como a alma minha se conforma,
Está no
pensamento como idéia;
O vivo e puro amor de que sou feito,
Como a matéria simples busca a forma.
Antes de partir, deixo uma frase que acho que combina harmonicamente com tudo isso aqui escrito. Agradeço minha queria, amada, salve salve amiga Cinthia Rocha que indicou o site e essa frase por achar que era a minha cara:
Um bom poema é aquele que nos dá a impressão de que está lendo a gente ... e não a gente a ele!" - Mario Quintana

Mais Nelton impossível.

domingo, junho 19, 2005

Uma Câmera na mão e ...

Sucumbi aos encantos de um Flog ou Flickr, mesmo tendo certeza de que não sou o mais fotogênico dos homens.

Já que abri um post para contar as novidades, agora vos-me-cês podem se cadastrar aqui no canto direito deste singelo blog e sempre que eu atualizar o mesmo, vocês serão premiados em serem os primeiros a saber: sem precisar entrar no blog todos os dias (Nelton, sem delírios!) ; sem encheção de paciência do dono do blog para entrar. Simples, rápido e prático.

Musica da semana: Circles , Mariah Carey