quarta-feira, dezembro 28, 2005

Só de Sacanagem!!!





Meu coração está aos pulos!




Quantas vezes minha esperança será posta à prova?
Por quantas provas terá ela que passar?
Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu dinheiro,do nosso dinheiro, que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.



Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?

Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?
É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e dos justos que os precederam: “Não roubarás”, “Devolva o lápis do coleguinha”, Esse apontador não é seu, minha filhinha”.Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar.Até habeas corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha ouvido falar e sobre a qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará.




Pois bem, se mexeram comigo,com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear:mais honesta ainda vou ficar.



Só de sacanagem!



Dirão: “Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo o mundo rouba” e eu vou dizer: Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês.Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau.



Dirão: “É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal”.Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal.



Eu repito, ouviram? I-M-O-R-T-A-L!



Sei que não dá para mudar o começo mas, se a gente quiser,vai dar para mudar o final!




Musica do Post: Problema Social - Na voz de Seu Jorge

sexta-feira, dezembro 23, 2005

Belezas




Qual versão da moça, esposa de um rico cidadão fiorentino de nome Francesco Di Bartolomeu Del Giocondo, que em 1503 encomendou a Leonardo Da Vinci um quadro, nessa foto ficou bonita? Não precisa mentir para si próprio. A da esquerda, a original, ou a da direita, a versão americanizada? conseguiu responder? Agora tente explicar para si mesmo o porquê da decisão? Vamos ver...você achou a moça do quadro esquerda muito simpática, um sorrisinho enigmática, mas feia? Não consegue entender como para um gênio como o Leo da Vinci podia tê-la como padrão de beleza, até que finalmente pessoas de bom senso deram um trato, uma repaginada na coitada? Não se preocupe, ou melhor, se preocupe, a grande maioria respondeu como você. Mas deixa-me exercitar minha chatice e perguntar mais uma coisa? O que é ser bonito? Como se mede a beleza de alguém?

Não sou bonito, definitivamente. Isso não é discurso de um feio que quer atenuar sua falta de formosura com a sinceridade, longe disso. Sou alguém que tenho certeza que toda a fotogenia e beleza da família foram dadas a primogênita, ou seja, minha irmã.Loira, magrinha dos olhos verdes, nem de longe parece este que vos fala, que tem cabelo crespo, olhos pequenos, nariz achatado e corpo em forma de “8” (to quase virando um 0). Posso ter várias virtudes, mas essa...


Mas hoje fiquei me perguntando que elementos tornam alguém mais ou menos bonito. Será que um conjunto de biótipos que ao longo do tempo se tornaram tão naturais no nosso subconsciente, tais como peitoral definido, pernas grossas, barriga de ‘tanquinho’, seios volumosos, braços do tamanho da coxa (exagero? Sei não...)? Enfim, pessoas que se constroem, que são produtos e não produtores de beleza. E não adianta dizer que a pessoa pode ser bela nos últimos dias tendo apenas um rosto lindo: parafraseando Vinicius de Moraes, “desculpem-me os gordos, mas um corpo sarado é fundamental”. E essa busca desenfreada por esses estereótipos ditos “formosos” me incomoda, não pela aparência em si, mas porque a maioria não sabe o que é realmente ser bonito. Na verdade, dentro de uma academia, em geral, o que menos se exercita é o senso crítico.


Se pelo as pessoas entrassem nesse culto ao corpo por consciência própria, por saúde, por gostarem daquele formato do corpo que se produz ou qualquer outra desculpa, até tudo bem. Tenho um caso desse aqui em casa: minha mãe é uma malhadora nata, ratas de academia, mas faz por que gosta, porque se sente bem e não porque quer se exibir para os outros. É esse o problema maior: as pessoas querem aparecer, querem se exibir, e, se por acaso, a moda fosse ser gordo, com certeza a grande maioria deixaria a barriga crescer, se olhariam no espelho e diriam “Fulano, minha barriga tá maior que a sua”. Vão de acordo com a direção do vento, sem pensar, e se o vento mudar, mudam também. Esse culto do corpo cada dia mais tem se tornado uma forma de compensação.


Em hipótese nenhuma estou afirmando que malhar ou estar na academia é sintoma de personalidade fraca, em absoluto. Mas, e eu adoro essa expressão, tudo tem que ter equilíbrio. Quem tem o hábito, bom ou mau, de vasculhar os profiles dos amigos e dos amigos dos amigos tem que se deparar com comentários sobre os livros prediletos: “Não curto muito ler não”, “Não gosto de ler”, “Playboy”...Tá bom homens, tem a versão feminina também: “Capricho”, “Atrevida”, “Eu me lembro que há muito tempo atrás eu li o pequeno príncipe e adorei”, “Comecei a ler Harry Potter, mas ele é muito grande e preferi assistir ao filme”. Tudo isso com a entonação de orgulho, como se ler um mísero livro por mês fosse coisa de Nerd, de pessoas cabeçudas, cdf’s que nunca foram a uma academia. Aliás, já se tornou senso comum ver a pessoa com livros na mão e o achar “o intelectual”, tradução mais comum: o chato que se acha o inteligente.



Mas ainda não consigo ver uma explicação global para a beleza. Um conceito único, que seja compatível com todas as idéias de beleza. A beleza está nos olhos de quem a vê é a frase chave desse parágrafo. Um ser belo é um ser relativo, pode ser belo para você, pode ser feio para mim, pode ser um semi-deus grego para alguns, ou um bruxo para outros. A formosura de uma pessoa não se restringe a apenas alguns traços físicos, mas a inteligência, a simpatia, o charme, a áurea da pessoa. Isso mesmo, ou você nunca teve a sensação de ver uma luz em redor de uma pessoa que você acha encantadora? Esse tipo de pensamento parece antiquado, um tanto quanto ultrapassado, e você tem todo direito de achar que isso é um discurso de um gordinho se justificando, mas o que na verdade quero dizer é que existe algo que nos controla, nos manipula, nos condiciona: a imprensa. Vender uma imagem é interessante para eles, que venderiam até a mãe em troca de audiência. Não concorda comigo? Tudo bem, mas pensa bem: você já viu uma gordinha como protagonista de alguma novela ou filme, salvo aqueles que falam do tema? Você já viu algum feio, feio mesmo, aquele que parece que fez cirurgia para ficar mais feio se tornar galã de novela das oito? Fecho com uma singela indagação: você tem certeza que já assistiu Malhação?. Mas dizer que eles são os únicos responsáveis por isso é querer inventar um bode expiatório. A culpa é também nossa, que, como elfos, seguimos e fazemos passivamente tudo o que eles pedem para fazer.



Repito: a beleza é muito mais abrangente. Pessoas bem humoradas, daquelas que têm prazer em rir sem medo de ser feliz. Pessoas com conteúdo, sem precisar serem doutores em Física em Havard, mas que saibam falar sobre tudo sem ficar perdido. Conheço uma pessoa que vai da fofoca mais recente no show business até a concepção do tempo para Einstein, passando pelas teorias teológicas da criação do mundo, com a mesma naturalidade de quem está falando de um mesmo assunto coerente. (Só não conto quem é porque o meu espelho denuncia). Pessoas inteligentes para mim não são seres que não erram uma concordância verbo-nominal sequer, que esbanjam conhecimento, que leram Nieztchie ou Kant, e etc. Pessoas inteligentes são aquelas que, independente de falar certo ou errado, ter cultura literária ou não, sabem se colocar, tem coerência no pensamento, sabem responder a pergunta:quem é você? Pessoas charmosas, isso é uma coisa que se eu pudesse optar em ser, eu seria.São pessoas carismáticas, possuem um magnetismo que as tornam imãs, independente de características físicas.Não obstante as controvérsias, o Jô Soares é um exemplo,para mim, de homem charmoso.


Enfim, chego a conclusão de que não existe uma beleza, mas uma multiplicidade de belezas. Uma combinação que tem a diversidade infinita. Descobri a pólvora, diz você talvez. Pode ser, mas vai a uma academia, principalmente na parte do Voador, do Supino e, sobretudo, do espelho onde um monte de homens se exibem e se comparam e fale isso. Mas vá acompanhado por um segurança de tamanho, no mínimo, 3 X 4 metros.


São tantos os itens que tornam uma pessoa bela que me perderia aqui divagando sobre cada uma dela. Mas desses breves elementos fica a pergunta: porque a beleza física em primeiro plano? Explicação óbvia é a de que houve uma inversão de valores. A explicação verossímil é de que é muito fácil ficar “bombado” do que uma pessoa mais...que palavra dizer...culta! Por que não entender que nem todas as pessoas querem esse padrão de beleza fugas? Por que essa exaltação exacerbada do corpo, que, ao taxarem os gordos ou magrelos de ‘pessoas com falta de força de vontade’, marginalizando os que fogem ao padrão de beleza, esboçam o que eu diria de “fundamentalismo corporal”?


A cada dia mais percebo que caí de pára-quedas no século XXI, não sou e nem quero ser vassalo desse tempo. Acho a Monalisa bonita sim, adoro mulheres de óculos (Ficam tão mais encantadoras), amo Vinicius de Moraes, mas acho sua frase de “Desculpem-me as feias, mas belezas é fundamental” uma grande bobagem. Gosto de mulheres que se dão valor, que saibam ser sensuais sem apelar para um decote, ou para microssaia e mini-top que as fazem serem confundidas no ponto de ônibus com...vocês-sabem-quem...(Presenciei essa cena hoje, e te garanto que em menos de 15 minutos foram mais de 10 carros parando e perguntando...Lamentável, mas fazer o quê?).


Sou daqueles que se você perguntar a um grupo de pessoas, que acabaram de me conhecer , o que acharam de mim, nunca terão como resposta: ele é bonito. Pelo contrário, escutarão muitos “Legal”, “Simpático”, “Palhaço”, “Falador”. É viva a lembrança de chegar em algum lugar com a minha irmã e o povo comentar para os meus pais: “Nossa, sua filhota é linda! Parabéns... Ah! O seu filho também é bonitinho”.


Se eu me acho feio? Sim, felizmente.


Se me incomodo com isso? De forma alguma...



Mas to me achando gordo, acho que vou começar uma dieta, que tal?


Musica do Post: Chocolate – Marisa Monte.



PS. Post feito à base de uma caixa de bis...

quarta-feira, dezembro 21, 2005

Insegurança, seu nome é Nelton.



A melhor coisa sobre o amor é sua constante incerteza. Um dia você está seguro, sabe exatamente o que está se passando com você, então numa semana inteira de angústia, sua certeza desaparece e você não tem mais certeza de nada.
Li essa frase um dia desses, e, contrariadamente, tenho que concordar com o autor de tal frase. Só não concordo que seja a "melhor coisa sobre o amor", não para mim, alguém que tem a insegurança como uma das características principais, só perdendo para a alegria "em excesso", e para o amor o primeiro lugar das características centrais da personalidade Nelton Araújo. Pelo contrário, é o que me mais incomoda: ser inseguro dá a impressão, por vezes falsa, por vezes verdadeira, que falta confiança no outro. Não é meu caso,mas a descrição de como é a incerteza numa relação é perfeita: você acorda, e bate uma insegurança, como se aquele dia fosse o último dia, como se daqui a algumas horas tudo se esvaísse por suas mãos, e aquilo que você tinha como mais sólido no dia anterior se desmanchasse no ar. Motivos para isso? Nenhum, e você têm consciência disso. Isso te faz sentir calafrios, te faz perder o belo dia de sol infernal com uma preocupação na cabeça, afinal, ninguém gosta e quer perder algo que ama mais do que você mesmo.


Talvez seja essa a explicação: amar algo mais do que você. Você se esconde por trás de uma paixão, deseja naquele objetivo de vida, seja profissional ou sentimental, aquilo que, na verdade, você deveria desejar a si próprio. E quando aquilo se perde, não estamos preparados para a frustração.E ninguém consegue estar preparado para a vida se não estiver preparado para enfrentar uma frustração. Particularmente, eu detesto estar no meio termo, e embora entre o 8 e o 80 existam uma diversidade de graus de intensidade, posso dizer que, quando me envolvo com algum projeto ou com alguém, entro de cabeça. Mergulho e corto os oceanos, e por mais que saiba que isso possa me machucar, não encontro melhor maneira de me envolver.


É o perfeccionismo de minhas veias que pulsa nessas horas: quero ser o melhor profissional, o melhor namorado, o melhor filho, o melhor músico... Utopia, eu sei, mas prefiro estar sempre em aperfeiçoamento a me conformar (ô palavrinha que deveria ser limada do dicionário e de nossos corações). Sou daqueles que morreriam feliz se fossem pobres mas realizados, na profissão que realiza, na família que constitui, nos amigos que têm, do que pessoas cheias de grana, ou pelo menos, estabilizadas mas que não suportam o lugar onde trabalham, vivem um casamento de fachada (Estranho para o século XXI,né? Conheço uns montes), que têm o carro do ano, mas não têm amigos para conversar. Talvez seja por isso que tenha tanta incerteza na minha vida profissional. Os estudos de 4 intensos anos na faculdade para mim são recompensadores numa monografia, avaliada com 10 "com louvor", de final de curso. E são considerados ineficientes no dia seguinte que fui levado ao paraíso, quando vi que não passei no mestrado. Posso até nesse momento, mais tranqüilizado e mais racional, saber que estou novo, que não foi culpa minha, mas que na hora bate a insegurança e você se pergunta se é isso mesmo, ah, não há dúvida que bate. Vejo milhares de rostos se formando e indo para o mercado e fico me perguntando se sou capaz a me sobressair dessa multidão.

Da mesma forma acontece com quem está do meu lado, com aquela que eu digo que eu amo. Nunca, mas nunca mesmo acredito no meu potencial. Sempre acho algum defeito em mim, to sempre inventando ou achando algum problema para dizer que não estou agradando. Sempre acho que os ex's foram melhores e que os que dão em cima são superiores para mim. Pura insegurança, eu sei, mas vai explicar isso para a parte do meu corpo que me faz tremer quando não escuto aquele "eu te amo" que esperava, quando não recebo uma mensagem que estava desejando. Nesse instante, a cabeça gira, os sentimentos se confundem, imagens que você nunca viu, mas que tem certeza que já sentiu passam como num filme sobre o seu fracasso. ô cabecinha fértil, por que não acreditar que ela pode estar te amando também? Porque dá ouvidos a vozes de que não sou capaz de estar com quem estou, de que não sou o bom o bastante?
Mas uma hora isso passa, ah, passa!


E quando essa crise de incerteza passa, surge a nuvem da segurança. Passageira, evidentemente, vem e fica algumas horas, quiçá, alguns dias. E tal como no quadro que ilustra o post, a sensação que dá é que, mais cedo do que posso prever, a certeza que tenho sobre a vida, a segurança sobre tudo, se derreterão tal como os relógios...



... e tudo começa de novo. Estranho, não? Bem vindos ao mundo dos inseguros.





Musica do Post: Boa Noite - Djavan.