Sim, eu te espero.
Não precisa ter pressa. Eu vou ficar aqui, quieto, como quem sabe que algumas coisas não podem ser apressadas. Não se prende ao tempo, não se deixa levar pela ansiedade. Vai. Vai com calma, com o coração leve, sem olhar para trás.
Vai e busca a tua felicidade. Explora cada rua, cada cantinho escondido deste mundo. Investiga com toda a força que há em ti, com toda a paixão que te move. Olha nos olhos de quem cruzar o teu caminho, encosta o teu rosto nos mais bonitos, entrelaça os teus dedos com os que te chamarem a atenção. Beija, se quiseres, os lábios que te parecerem dignos do teu afeto. Vai, como te disse, e busca. Busca com toda a intensidade que o teu peito conseguir carregar.
E se, por acaso, encontrares aquilo que procuras, entrega-te. Entrega-te por completo, sem medo, sem reservas. Corpo, alma, mente, coração — tudo.
Eu estarei aqui, do outro lado. Não como um louco desesperado, esperando um amor que talvez nunca chegue. Não. Estarei tranquilo, quase questionando se devo mesmo ficar aqui, sentado, esperando por ti. Mas os teus olhos, esses olhos que carregam marés inteiras de histórias, logo me trazem de volta à realidade. Não vou ficar parado, como um objeto estático, pronto para te servir. Enquanto tu buscas, eu também me movo. Corro distâncias que antes pareciam impossíveis, levanto pesos que me desafiam, empilho livros de poesia ao lado da cadeira onde me sento para te imaginar. E leio. Leio cada verso, cada linha, até decorá-los, até que as palavras se tornem parte de mim.
E se, caso tu regressares, eu ainda estarei aqui. Vou pegar nas tuas mãos, suaves e delicadas, e te dizer que nada foi em vão. Que cada passo que deste foi necessário para que chegássemos a este momento. E então, vou recitar para ti os poemas mais bonitos, aqueles que parecem ter sido escritos só para nós. Vou te fazer acreditar que Salomão pensava em ti quando escreveu os seus cânticos, que tu eras a musa que fez Fernando Pessoa duvidar de todas as cartas de amor já escritas, que tu eras a razão pela qual Vinicius de Moraes jurou ser "de tudo atento". Vou te elevar ao lugar que mereces: o de uma deusa, a mais bonita das nove musas da Grécia Antiga.
E quando te envolver nos meus braços, quero sinta uma paz que só o verdadeiro amor pode oferecer. Vais descansar a tua cabeça no meu peito, e ali encontrar o conforto que tanto procuraste. Vais perceber que cada quilômetro que eu percorri, cada peso que eu levantei, foi para te merecer, para te desejar sem cansaço, noite após noite.
E então, eu vou viver em ti. De ti. Para ti. E vou saber, finalmente, que estou sentado à sombra daquela que sempre sonhei.
Agora vai, minha musa. Vai. Eu vou ficar bem aqui, com os meus devaneios, os meus desejos e a poesia que um dia será tua.
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