sexta-feira, outubro 01, 2004

O 18 Brumário do século XXI

Eu sempre falo que a História tem que servir para entendermos melhor nosso presente. Pois bem, permita-me contar uma breve e interessante História.

França, 1851 e 1852.
Uma revolução na década de 30 tinha derubado momentaneamente séculos de Império da família Bourbon. Quase 20 anos depois , uma eleição super importante: a escolha da continuação do regime de república, com voto universal, a liberdade, de um lado. Do outro, a escolha de um presidente que era sobrinho de Napoleão Bonaparte, a volta da monarquia, da repressão, da falta de liberdade.

Os eleitores? Grande e maciça maioria(desculpe-me a redundâcia) de camponeses, pessoas que tinham na mão esta decisão de garantir um novo momento na História. A massa urbana era pequena em relação a estes, para poder colocar seus interesses , caso quisessem.

Tudo certo , praticamente certo, se não fosse um incoveniente: eles eram uma classe para si, mas não uma classe em si. Não sabiam que podiam modificar seu futuro, por isto ficavam relembrando o passado.

Resultado: Luis Bonaparte foi eleito maciçamente pelos camponeses.
Pior: 2 anos depois, ele,num golpe, restabelece a monarquia , e a liberdade,mas uma vez é suprimida.

Sabe, a História não se repete,nunca. E como diz o famoso Marx, quando se repete é enquanto farsa. Contudo, é inegável que alguns fatores do passado são parecidos com outros daqui do presente.

Nós somos os camponeses, somos a maioria. Temos o poder de decidir sobre nosso futuro . Temos o poder. Contudo somos uma classe para si ,mas não um em si. Somos passivos e temos medo de controlar nosso próprio andar. Por isto nos agarramos na força da tradição, ao que já está. Achamos q o que está no controle é o suficiente, é o bom, não pq se verificou e analisou ,mas sim pq se há medo.

Medo de que? De mudar, de querer o novo. De errar sim, mas por ousar, não por permanecer inertes.

E isto se vê tanto ultimanente...tanto nos últimos dias. E é por uma aparência de que "está tudo certo", que somos controlados pelo situacionismo, o chamado "deixa como está", somos manipulados pela a inércia.

Vemos isto em todos os lugares, circulando por nós a todo instante.Pois o que pode ser libertador, pode ser opressor, intereferidor em nossa vida.

E ao contrário dos Franceses de 1852, não iremos eleger um monarquista para a presidência. Mas como eles estamos diariamente, e desde q nascemos, de 4 em 4 anos , escolendo a força da tradição, tirando de nossas mãos o poder, e dando a uma elite.(Creio q o leitor é inteligente o suficiente para entender a quem, e são muitos, de quem estou falando)

Certa vez num filme que esqueci o nome, com Robert De Niro, em que no início do filme se faz uma pergunta muito idiota,mas tão idiota, q chega a ser muito sábia: "Pq o cachorro balança o rabo?" A resposta "Pq o cachorro é mais forte do que o rabo, pois se o rabo fosse mais forte, balançava o cachorro". Nós, o cachorro, as forças da tradição, da inércia, o rabo. E infelizmente o óbvio não acontece: em vez de balançar, somos balançados pelo rabo.

Então,cuidado este fim de semana, viu?