quarta-feira, dezembro 18, 2024

Gosto é gosto...

Que me perdoem as contidas, mas confesso: tenho um fraco pelas molecas. 

Mulheres que, por trás de um olhar sereno, escondem uma alma travessa, no sentido mais puro e infantil que se possa imaginar. Adoro o brilho que irradiam quando as faço rir de forma despreocupada, da liberdade com que agem, da vontade insaciável de viver e, principalmente, da intensidade de seus espíritos. Não me contento com o fácil; prefiro o desafio: quero aprender, debater, convencer, e até comprar brigas, se for preciso. 

Mas vamos ao que interessa: parece existir um botão invisível que, quando acionado, as faz regressar aos seus 9 ou 10 anos de idade. E isso acontece nos momentos mais inesperados. Aquela moça culta, de ar intelectual e discurso refinado? É justamente ela que se transforma na menina mais encantadora quando se solta. 

Adoro seus gestos impulsivos, seu vocabulário cheio de graça, as brincadeiras sem sentido, as atitudes despretensiosas e, por incrível que pareça, até a habilidade que têm de me deixar sem reação em situações constrangedoras. 

Amo a simplicidade de uma roupa largada numa tarde chuvosa – ou a falta dela –, as guerras de travesseiro, as brigas de pipoca no meio do filme, e até a escolha do pior filme só para fazer piadas. Ou do melhor filme, que acabamos esquecendo porque... bem, você sabe. Amo o jeito dengoso, de gata pidona, seja quando estão doentes, acabando de acordar (e eu poderia passar horas admirando aquela cena desarrumada, com os cabelos rebeldes e um fio de baba no canto da boca) ou em qualquer outro momento. 

Sim, amo – mesmo que nem sempre demonstre – as corridas na areia da praia, os beijos roubados e apaixonados no meio da rua, os banhos de chuva de propósito. Aquele "ligar o foda-se" para o mundo, como se nada mais importasse. Amo as caretas, as implicâncias, as gozações. Amo as provocações intelectuais, as conversas profundas regadas a um bom drink – ou a uma Farinha Láctea no fim da noite. Amo o jeito sorrateiro como ela vai ocupando o sofá, deitando no meu colo e, quando percebo, já está dormindo. 

E, claro, como nada é perfeito (ainda bem), amo até as discussões, os bate-bocas, a projeção de raiva que vem do estresse dessa vida adulta tão cinza. E como tudo isso termina num abraço apertado, seguido de um choro que lava a alma. 

Quem sabe um dia eu encontre alguém tão impulsiva quanto eu, disposta a embarcar em aventuras sem planejamento, mesmo que isso signifique passar o resto do ano no vermelho. 

No fim das contas, amo porque, dessa forma, me sinto livre para amar do jeito que sou. Não preciso pisar em ovos ou caminhar sobre o campo minado de um amor "maduro". É justamente essa profundidade que me fascina nas molecas: um amor que se expressa não só em palavras, mas em gestos que dão vida e significado ao que, de outra forma, seria apenas uma abstração. Um amor infantil, como todos deveriam ser: sem interesses, sem julgamentos, sem traumas, sem vícios. Simplesmente amor. 

Amo, mas confesso que nunca conheci alguém tão louca quanto eu para ler tudo isso e dizer: "Eu sou essa pessoa". Afinal, quem não carrega uma criança dentro de si? Quem não é, no fundo, uma criança disfarçada de adulto?  

terça-feira, outubro 22, 2024

Procura-se... [Re-atualizado]


Procura-se uma musa. Não precisa ser loira, morena, ruiva, não. Também não precisa ser alta, baixa, mediana, tampouco ter nível universitário, mestrado, pós doutorado - que seja apenas inteligente -Não precisa gostar das mesmas coisas do que eu, ler os mesmo livros ou escutar os mesmos cantores, embora isso fosse bom. Não precisa nem mesmo morar perto de mim: pode ser daqui do Rio, ou de Paris, Tailândia ou mesmo da Groelândia (ou em Araruama, tão longe quanto). Requer apenas uma virtude, rara e pouco explorada entre as mulheres: saber me enfeitiçar.

Que consiga me encantar e ocupar todos os espaços de ócio de meus pensamentos com sua imagem, até a hora que, quando eu der por mim, ocupe todo minha mente. Que me motive, inconscientemente, a ser um homem melhor, buscar ser um profissional melhor, um amigo melhor, um amante melhor...enfim, que busque novidades para ter o que contar. Que tenha o dom de fazer com que eu crie uma trilha sonora especial para momentos como esse, só para arranjar só mais um pretexto para lembrar de minha musa. Que me inspire a escrever prosas, poemas, cartas, posts, todas ridículas e passionais.

Que me faça companhia nos meus devaneios: que quando sonhe, conscientemente, numa cena romântica , tipo as de cinema,ou quando imaginar um pôr-do-sol na Lagoa, o céu estrelado de Vassouras, um banho de chuva em Paris ou mesmo um passeio de Gôndola em Veneza ou uma corrida no Central Park (com direito a café no Central Perk), em vez de eu ver uma sombra do meu lado, vejas tu, musa minha.

Que minha relação com essa musa seja de platonismo. Que em um dia pense concretamente que tenho em minhas mãos, que a musa se humanizará só para me dar o prazer de seus beijos, mas que no outro, perceba que, na verdade, quem está no comando não sou eu, que sou um brinquedo nessa história. Que me faça sonhar com seus beijos, seus carinhos, seus abraços, imaginando qual a cor e forma deles. E aí, que fique em suas mãos escolher que caminho devo tomar. Torço eu para que não fique no campo do platonismo, que se torne algo real, concreto,que o amor emergido seja "com grande liberdade, dentro da eternidade e a cada instante".

Mas, se nao for assim, e ela, no dia seguinte, sem eu perceber, desapareça sem deixar, ao menos, um bilhete, eu possa sofrer e, na sofridão, descobri que amei, amei demais. Amei intensamente, como deva ser.


E aí, eu coloque nos classificados, novamente:Procura-se uma musa!



Musica ambiente: Smile (Sorri) - Djavan