segunda-feira, agosto 30, 2004

Nelton na Sala de Espera...

Finalmente tive um tempinho para escrever aqui, são quase 23 horas e estava bastante entretido com o tio Stalin e com a Crise de 29 .

Mas estou até esta hora estudando é porque minha tarde foi ocupada pela fonoaudiologia que faço, não que eu seja um gago, ou completamente sem dicção, contudo, estou aproveitando momentos vagos que tenho para me preparar para ser um excelente professor, pois há de convir que não basta saber muito, tem q saber passar...

Contudo hoje, esperando ser atendido, ocorreu um caso tão preocupante a mim que é digno de um post só dele: estava lá eu e meu inseparável livro, quando começaram a puxar papo algumas senhoras bastante distintas (A Minha fono é em copacabana), e me incluiram neste papo, que começou da fofoca e foi até coisas bem mais complexas...Foi aí que uma delas, me perguntou o que eu fazia, e para espanto dela e principalmente o meu, quando soube que fazia História, ela só disse: "Vc quer ser professor? Menino vc é tão inteligente, pq vc não faz Direito? Seria melhor..." Eu reproduzo aqui as mesmas palavras dela sem nenhuma alteração...

Agora eu pergunto: eu faço tão mal em querer ser professor?

Quero crer que não,mas sabe, eu já fiz umas contas superficiais e descobri que TODAS as pessoas que souberam o que eu cursava, ou criticava, ou desconversava, ou mesmo me aconselhava fazer outra coisa, vide esta velhinha...Até meus pais, no dia em que disse que cursaria História, tentaram disfarçar ,mas era explicito o semblante de descontentamento...

Mas será que o "ser professor" se reserva a pessoas que não tem mais talento para nada? Será que o seguinte versinho tem razão:

"Quem sabe, faz
Quem não sabe, ensina
Quem não sabe nada, leciona educação Física!"

É estranho, que na nossa querida sociedade, se tenha um pensamento pejorativo do professor, principalmete se for de História...Será que é ainda vestígios de trauma das aulas decorebas de História que tiveram na infanto-adolescencia?Sim, eu tb tive aulas chatérrimas, decorebas no meu ensino fundamental, e ,pasmem, só tive História um ano no meu 2 grau, e pelo boletim minhas notas foram 5,5/6/6,5...Passei pq a média era 5, pq não sei decorar.

Mas , vc deve estar me perguntando: pq raios, um rapaz que tinha tudo para fazer jornalismo, fez um 2 grau voltado para isto, resolve ser professor...Quer uma resposta? Não sei, não tenho a mínima idéia, só sei que me enquadro nos 30% de todos universitários que fazem aquilo que gosta. Vc sabia que só 30% fazem aquilo que gosta, enquanto 70% fazem aquilo que pensam que terão dinheiro?

Um outro dia , eu explico a importância de uma História Viva e atuante para nossos estudos, como entender que a História não é somente datas ,nomes, heróis,mas é , é resumidamente, vida.

Agora estou interessado em fazer uma cartarse pessoal, em mostar pq eu quero ser, antes de tudo , um educador...Sem fazer uma biografia parcial

Eu já lecionava, desde os 14 anos, na minha Igreja, para as crianças, até aí nada de mais. Só que no 1° ano da meu 2 grau, uma professora de Português, chamada Nancy, com certeza sem fins pedagógicos, somente com intuito de descansar um dia, resolveu dar 1 ponto na prova àquele que desse uma aula , seja que tema fosse. O Nerd aqui resolveu fazer, pegou "Tempo Perdido " da legião Urbana e resolveu ensinar dígrafos e encontros cononantais através da música. A Turma, como já não gostava de mim, me ajudou muito, não falando nada e se recusando a falar. Mas mesmo assim eu senti algo diferente naquele dia...

Ganhei um ponto, e ainda ajudei um grande, literalmente, amigo meu, a montar uma aula, agora com o soneto da fidelidade...Ele tb ganhou o ponto...

Mas , creio que só 3 ano é que entendi aquele sentimento primeiro que tive. As aulas de História eram um porre, ninguém se interessava em assisiti, muito menos eu, principalmente pq a professora cuspia na nossa cara (desculpe prof. Ana Clara,mas é verdade!). Só que eu, por interesse pessoal(eu ja gostava de História e de leitura), lia os textos e mais: eu sentava com alguns que me aturavam e iam com minha cara, e explicava a matéria...Eles tiravam 7, 8 , as vezes 9, e eu 5,5...Mas me sentia tão bem, eu gostava de sentar no pátio,e falar: "Olha o texto é o seguinte..."...Engraçado, né, fazendo um parenteses, eu escrevo aqui estas palavras, e me vem um sentimento de nostalgia do 2 grau, coisa q vc só sente depois que ele acaba...Havia umas meninas- Mônica, Luana, as Gêmeas Paula e Patrícia, Tarciane, Manuela, e Lívia ,para não ser injusto e depois elas reclamarem que não coloquei o nome delas aqui- que sempre , final de bimestre, de preferencia dias antes da prova,vinham e perguntavam se eu sabia a matéria, e se eu podia ensinar...Ou mesmo eu chegava perto delas, e falava "Querem ajuda?"

Pois bem, foi aí que a luz apareceu, eu tinha uma escolha a fazer:Ou ficar trancafiado dentro de um estudio , sempre a 20 C°, editando matérias, ganhando meu dinheiro, acabar com minha vista, aumentar minha disritmia...Ou ser professor, ganhar pouco, conviver com alunos que nem sempre fossem com minha cara, ou com a matéria, por vezes receber atrasado meu salário, acabar com minha voz, aumentar minha disritmia...

É nem sempre a escolha precede um raciocínio lógico.

Bem, aqui estou, eu quase enveredei-me para a Geografia, visto que tinha um professor muito bom, e que sabia passar o conteúdo de geografia, prof Luciano. Mas num dia desses de conflito pré vestibular, umas daquelas meninas a quem me referi , Luana e Mônica,me deram o veredito final: "Nelton, teu negócio é História, não vá trocar logo agora!"

Enfim, Sou um rapaz feliz com que faço, apesar de penoso, apesar dos contratempos, de não ter estágio assim adoidado, como há em outras cadeiras, como Informática, Direito,Fisioterapia, ou mesmo, Pedagogia. É bem chato vc depender ainda de seu pai para pagar a faculdade,mas não troco este sentimento por nada nesta minha vida.

Quero ser um professor, um educador, porque me preocupo com as pessoas, e agora não cabe aqui um discurso de Miss, que quer a Paz Mundial, não...Eu quero ver pessoas , olharem e se emocionarem com "Sociedade dos Poetas Mortos" e perceber, que o filme
mostra o quanto um professor deve ser admirado. Saberem depois olhar para qualquer aspirante a professor e reconhecer: "Poxa, eu te admiro, pq nesta sociedade , não nada fácil...", é utópico,mas que eu morra nesta utopia...

E todos deveríamos viver nesta utopia, fazer aquilo que ama , que gosta de fazer, pq os melhores de cada área são pessoas que são apaixonadas pelo que fazem,e aqui vai um pedido: não faça aquilo que pensa que vai dar dinheiro,pq vc dará com burros n'água!

Ah! Voltando ao consultório hj, quando aquela velhinha disse aquilo, me voltei com um sorriso (q é uma arma poderosa,mas é outro papo tb!), e disse: "Mas como ser um advogado, sem que haja um professor para ensinar-lo? Sem professores não tem como construimos nada, pq sem educação não somos nada, a senhora sabe bem disto, certo? ". eu queria ver sua reação.

Os advogados me agradecem...







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